As ladainhas Gospel
De vez em quando aparece algum irmão falando sobre assuntos padronizados comigo. São assuntos batidos, que me lembram que a vida parece um grande carrossel de pensamentos, onde as coisas sempre acabam voltando pra nós, de tempo em tempo, uma verdadeira ladainha.
Aliás, você sabe o que é uma ladainha?
É uma espécie de reza litúrgica com repetições e respostas, aquelas orações que comumente vemos nas igrejas católicas, onde o padre fala algumas frases monotonais e o povo em uníssono responde algo como “Rogai por nós”.
As ladainhas foram instituídas pra ensinar o povo, como método de fixação doutrinária, mas sua prática se tornou altamente popular tendo em vista seu caráter místico e ao aparente poder de induzir as pessoas a estados de quietude, resignação e arrependimento contrito. Um mantra, certamente!
Dentre as ladainhas gospel da atualidade, figura o sofisma da cobertura espiritual. Dizem: “querido, você não pode andar sozinho neste mundo tenebroso, pois Satanás anda ao redor, procurando alguma peça solta do jogo para tragar... você sabe que uma brasa isolada, longe das demais, se apaga logo... bi bi bi e bó bó bó”.
Pouco sabem da Bíblia, pouco conhecem das revelações apostólicas e da sã doutrina, por isso se deixam enredar por falácias fraquíssimas, baseadas em achismos particulares.
Ficam com esse papo sem fundamento, e nem entendem o que está escrito em I Coríntios 11:4, que “diz que todo homem que ora ou profetiza tendo a cabeça coberta, desonra a própria cabeça”.
Estão desonrando o Senhor e nem sabem!
Que deus cruel!
Outra: irmão o pecado poderá gerar uma brecha em sua vida, uma legalidade por onde o diabo irá entrar e criar uma fortaleza dentro de você, aprisionando-o com amarras espirituais.
Quanto mais gospelizados ficamos, mais nos aprofundamos em conhecimentos que ao invés de nos libertar, nos tornam ainda mais temerosos e reprimidos.
Quero deixar claro que não duvido da existência de situações de risco para os crentes, mas uma coisa que não sai da minha cabeça são as palavras do Senhor, dizendo que fomos chamados à liberdade, a qual é fruto do conhecimento da Verdade.
Acredito na absoluta e definitiva ação da Palavra do Senhor sobre nossas vidas e não consigo mais cair nessas conversas sem base firme que, de tanto serem repetidas, acabaram se tornando em verdades para o imaginário de muitos crentes.
Esses sofismas, rimados, repetidos, cantarolados, declamados, como cantigas de roda e lengalendas não colam mais pra mim. Quando os ouço, ligo stand by da mesma forma que faço quando uma vendedora automatizada de empresa de telefonia ou cartão de crédito me liga, tentando me convencer com seu discurso decorado a adquirir um produto.
Chega pra mim, eu sou livre!!
rafa