O racionamento na Igreja!





"Aquele que recebe o ensinamento da Palavra deve repartir todos os seus bens com o que lhe ensina. Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado. Quem semeia nos instintos egoístas colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem; se não desanimarmos, quando chegar o tempo, colheremos. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, especialmente aos que pertencem à nossa família da fé". Gálatas 6: 6-10

Introdução
Vivemos num tempo de multidões. Praticamente, há mais pessoas vivendo na face da terra neste mesmo instante do que em todos os outros momentos da humanidade somados.
É um tempo de bilhões! Um tempo em que a visão humana deve ser ampliada adequando-se a um pensamento coletivo gigantesco. As metrópoles possuem milhões de pessoas aglomeradas umas em cima das outras. As empresas ao realizarem suas vendas, mediante a lei da oferta e da procura, já compreenderam que devem diminuir a margem de lucro dos produtos, passando a ganhar em vendas de enormes quantidades. Outras, oferecem os produtos de graça passando a ganhar pelos serviços prestados.

Enfim, todos estão recorrendo aos meios de comunicação de massa, visando atingir um número cada vez maior de pessoas, se adequando a demandas cada vez mais astronômicas.
Nesse modelo que visa o fracionamento das coisas com o fim de abranger as massas populares, temos nos habituado a pequenas porções de tudo.

Sem perceber, estamos nos adequando a uma ração diária de vida. Tudo o que nos é vital está sendo racionado e, como exemplo, podemos citar a crise dos alimentos que estamos vivendo nos últimos dias, que inevitavelmente nos forçará a comer menos. Racionamos os horários de exposição ao sol por causa dos raios ultravioleta cada vez mais potentes, mediante os furos da camada de ozônio.

Mas podemos ver esse racionamento também na vida comum da igreja. Se você notar com olhos não-religiosos a ordenança da Santa Ceia, verá que a mesma sofreu um processo de fracionamento do Corpo e do Sangue de Cristo. É uma coisa meio lógica, do ponto de vista humano, mas não do ponto de vista do Reino de Deus, que Jesus tenha sido dividido em milhões de minúsculas partes a fim de que pudesse atender a toda a demanda litúrgica. Ocorre que na perspectiva do Reino, esse tipo de economia que fraciona as coisas a fim de que todos sejam atendidos não tem procedência.

Note que quando Jesus tomou os poucos pães e peixinhos das mãos de um dos seguidores, alimentou abundantemente toda uma multidão e ainda sobraram 12 cestos cheios. Ou seja, tem pra todo mundo e ainda tem pra sobrar.

As curas, os milagres, os benefícios do Reino de Deus não estão sob racionamento. Eles são abundantes, mas para aqueles que têm uma visão abundante de um Deus abundante.

Quando você recebeu uma unção com óleo na igreja, era uma gota no dedo do pastor, por quê?Porque tinha que sobrar para os outros.

Isso tudo faz parte de uma visão humana, limitada de uma economia baseada no racionamento e no medo de faltar no futuro. Precisamos urgentemente voltar à economia do Reino de Deus a fim de provarmos de abundância transbordante.

Da economia de Deus e de como Deus é capaz de multiplicar seus recursos na vida de quem Ele assim deseja fazer, a fim de superabundar sua Graça sobre a Igreja. Porém, essa superabundância precisa antes de mais nada ser precedida de uma visão profética das proporções do Reino de Deus.

É necessário que Deus abra nosso entendimento nesta hora, a fim de que possamos entrar na sua abundância, que nada tem de semelhante com os miseráveis pedacinhos de pão de nossa Ceia, nem das gotículas perfumadas de óleo ungido na testa das pessoas e tão pouco dos ínfimos e politicamente corretos 10% empregados pelos evangélicos como Lei de Deus para este tempo.


Entrando de vez no assunto

O dízimo estabeleceu uma cultura de miséria na vida da Igreja quando passou a ser uma lei, tirando a liberdade das pessoas em dar conforme ouvem de Deus. Baseado nos princípios que citei acima, da visão de fracionamento que visa abranger um grande número de pessoas, atesto que o dízimo tem sido empregado entre o povo de Deus como uma ferramenta de segurança para administradores de igrejas.

Calcula-se um pelo outro e se obtém um número viável, a partir do qual, pode-se fazer provisões financeiras para as aplicações da instituição eclesiástica.

Saímos do profético, do abundante, do infindo e entramos num mundo onde temos que cortar o pão em pedacinhos pequenininhos para que todos recebam sua parte do Corpo de Cristo.
O conceito é o mesmo! Você só precisa dar 10%, isso é viável. Como se isso fosse uma meta de competência humana, a de convencer quem quer que seja a dar alguma coisa na Casa de Deus.
No mundo todo, em todas as gerações, vemos relatos de pessoas que deram suas próprias vidas pela causa do Evangelho, gente que deu o seu "tudo". Esses valem por 10 dizimistas, na economia de Deus.
Quando pregamos que os 10 % são uma ferramenta de garantia e de manutenção do patrimônio de um crente, não estamos apenas mentindo para essa pessoa, mas também estamos incutindo em sua mente que isso é o bastante. Note que estou declarando que existe uma mentalidade geral de racionamento, a partir de uma economia do medo e da insegurança.

Irmãos, o que Deus quer de nós é o tudo! Dez por cento é semelhante a uma gota de óleo na sua testa. Talvez esse seja o nível de unção ao qual você esteja já acostumado e acomodado, mas definitivamente não é o que eu quero pra minha vida espiritual.

Tenho visto jovens incendiados, cheios de fogo consumidor de Deus, dispostos a dar suas vidas, sendo transformados em adultos mornos, que trocam uma vida de entrega, por um emprego legal que lhes garante condições de ser dizimistas e apoiadores de ministérios que se tornaram aquilo que eles queriam ter sido na vida.

Estão sendo sufocados, asfixiados em seus espíritos de águia, trocando a superabundância de Deus por migalhas espirituais.

Dez por cento, gota de óleo, um pequeno cálice de suco de uva aguado e um pedacinho de pão. Não é esta a proporção daquilo que Deus projetou para nós, entregando aquilo que tinha de mais precioso.
Lembra quando o Espírito profético de Moisés saiu dele e tomou outros homens de Israel? Assim é Jesus. Ele foi partido e multiplicado em milhões infinitas de porções capazes de transformar pessoas comuns em profetas poderosos. Na ocasião de Moisés, somente duas pessoas permaneceram naquela unção, pois os demais já estavam satisfeitos com o profeta Moisés fazendo isso por eles.
Jesus deu uns para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, Ele impartiu uma unção plena sobre a Igreja, crendo que cada vez mais pessoas se apaixonassem por Ele almejando entregar tudo diante de seu Altar.



1) Compartilhar "todos os bens"

O texto de Gálatas que citei acima, fala sobre a instrução do apóstolo Paulo no sentido de que alguém que está sendo ensinado na Palavra deve compartilhar de todos os seus bens com seu mestre.
Irmãos, isso parece extremamente estranho para nós nesses dias. Não parece nem um pouco sábio, mas é o que a Bíblia diz. O apóstolo Paulo nunca mandou ninguém dar os dízimos na igreja e neste texto está sendo taxativo quanto ao fato de haver um compartilhamento integral entre duas pessoas numa relação de discipulado.

2) Um povo brincando com Deus

Estamos brincando de igreja, é o que Deus me diz neste momento! Estamos trabalhando dentro de uma margem de segurança, tanto os líderes com seus pretextos forjados a partir de textos fora de contexto, quanto os discípulos, semeando uma semente na igreja a fim de proteger seu patrimônio do Devorador (como se o Devorador agisse fora da vontade de Deus).
A promessa é a seguinte: se você semear essa semente a partir de seus instintos egoístas, colherá corrupção.
Não é isso o que mais temos visto dentro dos limites da Igreja ocidental nestes dias? Corrupção!
Os que se tornaram políticos, salvo raras excessões, se corromperam; alguns dos líderes mais proeminentes das mais famosas denominações estão se corrompendo com o dinheiro, a fama e a adoração que têm recebido de seus seguidores; filhos, esposas e famílias inteiras de grandes pastores estão colhendo os amargos frutos da corrupção de uma semeadura feita em cima de uma princípio de miséria e religiosidade.


3) Semeando no Espírito

Uma semeadura no Espírito, condiz com uma entrega que parte de uma sinceridade entranhável. O quebrantamento, as lágrimas, a contrição do coração daquele que busca fazer a verdadeira vontade de Deus são a única garantia que se pode ter.

Basear uma vida com Deus em dogmas e legislações é uma grande enrascada! É claro que existem princípios divinos, mas quem são as pessoas autorizadas a extraí-los da Palavra Revelada e transformá-los em doutrinas que compõem estatutos e livros apologéticos?

Semear no Espírito se trata de investir dentro da economia do Reino de Deus, a partir de um relacionamento pessoal com Ele através do Corpo e do Sangue de Cristo, numa comunhão plena e abundante.
Abundante porque não é semelhante aos atos litúrgicos com os quais estamos acostumados a lidar, mediante as miúdas frações simbólicas e religiosas dos rituais da cristandade.


4) Devemos entender isso enquanto ainda é tempo

Ainda temos tempo! Creio que estamos passando por um processo de restauração no espírito da Igreja. Estamos muito avariados em nossa aparência, isso é um fato, mas uma reforma interior está acontecendo na Igreja de Jesus.

O Apocalipse diz que Ele anda em meio aos castiçais, que são a totalidade das igrejas no mundo. Ele está aqui, entre nós, mantendo a chama acesa e a unção sempre em dia. É tempo de graça ainda, mesmo que estejamos vendo muito juízo ser derramado entre nós, não é um juízo de condenação, mas com vistas ao arrependimento e às mudança das motivações do coração do povo de Deus.

ConclusãoDevemos deixar de lançar sementes para nos proteger. Isso está gerando corrupção! Dar o dízimo para proteger-se, é de uma mesquinhez que fere ao coração daquele que deu tudo para nos comprar.
A contrário, precisamos semear o nosso tudo naqueles que têm sido instrumentos de Deus para nos ensinar, pois isto significa semear no Espírito. Isto gerará uma colheita de vida eterna!
O dízimo deveria ser um instrumento disciplinar para as pessoas que saem do mundo carregadas de sentimentos egoístas. Ele não é uma ordenança perpétua para nós, ao contrário do que se prega!
Ele é como a Serpente chamada Neustã, que Moisés levantou no deserto, sob a orientação de Deus para curar o povo de uma praga que eles mesmos provocaram.

Como o passar dos dias, anos e gerações, a Serpente permaneceu ali e aquilo que era para ser um instrumento criado por Deus para uma necessidade específica, se tornou um deus, sendo adorado pelo povo, porém sem nenhuma eficácia verdadeira.

Foi quando Deus levantou um rei, aclamado como o maior rei de Israel, Ezequias, que ousou derrubar Neustã, aquele instrumento que passou a tomar o lugar de Deus no coração do povo. Precisamos derrubar os ídolos de nossos corações, pois eles estão afastando os nossos sentidos de Deus! Assim como se fizeram aos santos na igreja católica, ou aos grandes líderes da história evangélica, assim tem sido feito com a doutrina de racionamento empregada no dízimo.