Morte de cruz


Os crentes de nosso tempo estão desabituados com a morte e com a cruz. 
Só o positivo é sinal de bênção, só a vitória visível interessa. 
Vida no espírito, onde o último é o primeiro, onde perder é ganhar e onde o servo é o líder não faz mais sentido pra muita gente.
Quero de volta a coroa de espinhos, ao invés de uma auréola hipócrita; quero de volta minha cruz pessoal, ao invés do sucesso humano.

Rafael Reparador

Engenheiros Do Hawaii - Alucinacão


Eu não estou interessado em nenhuma teoria 
Em nenhuma fantasia nem no algo mais 
Longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia 
Amar e mudar as coisas me interessa mais 
Muito mais...me interessa

Eu não estou interessado em nenhuma teoria 
Nessas coisas do oriente, romances astrais 
Minha alucinação é suportar o dia-a-dia 
Meu delírio é a experiência com coisas reais

Um preto, um pobre, 
Um estudante, uma mulher sozinha 
Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais 
Garotas dentro da noite...revólver:"cheira cachorro" 
Os humilhados do parque com os seus jornais 
Me interessam 
Amar e mudar as coisas me interessa mais

Um corpo cai do oitavo andar 
A solidão das pessoas nessas capitais 
A violência da noite...o movimento do trâfego 
Amar e mudar...amar e mudar 
Amar e mudar as coisas me interessa mais

Eu não estou interessado em nenhuma teoria 
Em nenhuma fantasia nem no algo mais 
Longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia

Amar e mudar as coisas me interessa mais

Música de Belchior!

O concreto e a morte


É o ser humano e sua mania de concretizar,
construir algo sólido no invisível, sobre o qual possa se afirmar.
O problema é que quando constrói sobre o subjetivo
recai nos mesmos erros dos que sobre a areia tentam edificar.

Concretizando a Fé criaram doutrinas, 
Concretizando o Verbo criaram uma lei,
Concretizando a Igreja criaram templos, 
Concretizando o amor criaram muitas mentiras.

Uma alma doente, quando quer concretizar 
somatiza no corpo, que padece sem cura.
A verdade doente ao se materializar
somatiza no povo o caminho da morte.

Rafael Reparador


Esperança e frustração


Me divido entre esperança e frustração ao saber que por mais que faça, nada muda. 

No entanto é nesse momento que se tornam manifestas as raízes sombrias e iluminadas do meu coração. 
Há em mim virtude e infâmia, graça e desgraça, há em mim bem e mal. 
Diante da frustração que me assola divido mente e coração em alegria e tristeza, e sua ação me liberta para que seja quem de fato sou. 
Seja mau, seja bom, faço o que me é peculiar quando descubro que nada muda! 
Sou Judas que entregou o amigo e mestre aos algozes diante da decepção de um reino que jamais vi; e o mesmo que se lançou no remorso suicida. 
Sou Pedro que declarou amor incondicional, mas traí no momento em que descobri que o plano não se cumpriria como esperava.
A esperança impulsiona a fazer o bem que sou, mesmo diante da tristeza da frustração. 
A frustração revela o mal que sou, me lançando num vale inóspito e sem vida, amortizando minha esperança.
A vida nada mais é do que esperança e a morte, frustração. 
Lido com as duas todos os dias e a disciplina da fé é a força moral que me faz balancear a vida para o lado que acredito ser o melhor. 
Não vivo o agora, vivo a história! O que faço hoje, não faço pelo prêmio tangível, mas sim pela coroa de minha vocação soberana, a eterna. 
Aprendi a controlar meu mal, mesmo que me deixe enganar por ele muitas vezes. 
Contudo, sigo caçando novas esperanças e sobrepujando velhas frustrações afim de não ser enganado por meu bizarro e persistente mal e reprovado em minha busca pessoal e insistente pelo bem.

Rafael Reparador 


Cristo... Anti Cristo!


O ministério do engano, o engodo, os sofismas, os anticristos... 
me entristeço vendo tanta gente iludida, manipulada, 
agindo sob a batuta de ladrões 
disfarçados de pastores...

Rafael Reparador

A saga dos Gafanhotos



Gafanhotos! 

Seres mitológicos, criaturas bizarras enviadas por forças tenebrosas para assolar a vida financeira de crentes infiéis, como um instrumento de tortura que Deus estabeleceu para surrar aqueles que não pagam as taxas mensais para a manutenção de seus templos na face da terra.
Segundo a teologia da prosperidade, existem quatro espécies de gafanhotos: o cortador, o migrador, o devorador e o destruidor.

- O Cortador age nas lavouras estragando os frutos, arruína a lavoura.
- O Migrador age surpreendendo em bandos aumentando o prejuízo feito pelo cortador.
- O Devorador é um tipo violento que leva ao prejuízo e à falência.
- E o Destruidor tem o poder de extermínio (escorpião): fere o agricultor e a família. 

Segundo essa teologia, os gafanhotos representam forças diabólicas que agem em patrimônios, bens, salários e riquezas, atuando na vida material dos desobedientes, comendo sua renda, destruindo seu salário, seja através do do cigarro, das bebidas, dos jogos de azar, remédios, eletrodomésticos, roupas, carros (que quebram), levando os malditos a jogar fora seu dinheiro, com prejuízos e despesas inesperadas.
O fim na vida dos que são infiéis nas coletas da igreja é arrasador. Miséria, dor, dívidas, prejuízos, fome, insônia e desemprego. Suas vítimas têm sua casa e bens tomados; não conseguem pagar compromissos, são envolvidos em negócios desonestos e perigosos, seus bens são levados a leilão, sofrem ameaças de morte por dívidas, ficam sem crédito, sem moral e sem valor. Tornam-se um lixo, sendo rejeitadas até pelos amigos, só contam miséria e desgraça. Portas se fecham, são despejadas, tudo que fazem é em vão e são levadas ao alcoolismo e às drogas.
Para piorar, são induzidos ao suicídio, desastres, morte, pavor, só restam cinzas.

Tudo isto acontece na vida de quem não paga seus dízimos e ofertas aos sacerdotes. 
O resto tá liberado!

Portanto, se você não der um pouco do seu dinheiro todos os meses para mim, Deus enviará, um por um, seus agentes na sua vida!

Ráááááááá!!!!!

Rafael Reparador

O horizonte


O horizonte não existe
o horizonte é uma ilusão
é uma linha que faz limite
entre o imaginário e a razão. 

O horizonte é uma miragem
é onde o arco toca o chão
e não importa o tamanho da viagem
nunca chegamos ao destino da ambição.

O horizonte não é o fim, como parece
não é a meta que se merece, nem o prêmio que perece.
O horizonte é a visão que desvanece, 
a medida de fé de quem faz a prece, 
é decepção pra quem o conhece,
é realidade que frustra quando desaparece.

Rafael Reparador