Viver além dos rótulos


“Depois, ele partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos. Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito. Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas”. Marcos 6:1-6

Nas relações sociais, rótulos são usados no estabelecimento prévio acerca da personalidade de alguém. Na real, sabe-se que isso não passa de preconceito, pois é óbvio que por olhares superficiais são inconclusivos para determinar algo verdadeiro sobre alguém.

O que dizem sobre as pessoas é o que presumem saber, pré-estabelecendo quem são, como se fossem capazes de ver além dos olhos. Óbvia presunção!

Até Jesus passou por isso. Em sua própria terra, onde havia sido criado desde muito cedo, na qual ainda viviam seus irmãos, onde Maria era conhecida e onde todos sabiam sua profissão e história de vida.

Mas é quando ‘aparece’ para o mundo, que Jesus se mostra um profeta, um homem enviado por Deus com uma mensagem e, então, gera controvérsias por onde anda, sobretudo, para aqueles que o conheceram desde muito cedo.

Eles presumiam saber quem era Jesus! Tinham seu conceito pré-formado, já haviam colocado um rótulo em sua testa e não conseguiam ver nele além do que seus olhos preconceituosos podiam enxergar.

No texto diz que todos ficaram “tomados de admiração” e que diziam: “Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres?”. Daí vem o rótulo: “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?”

A conclusão disso tudo foi a “perplexidade”. Como é que um ‘arigó’ desse, o carpinteiro da esquina pode falar coisas tão impressionantes e ainda por cima realizar milagres?

Todos ali sabiam quem era Jesus e aquelas coisas não fechavam com o que conheciam sobre ele, por quê?

O carpinteiro da pequena cidade, o irmão do Cricrano e da Beltrana (não se sabe como era o procedimento de vida de seus irmãos e irmãs). O filho da Maria, aquela que tem uma história suspeita sobre a tal gravidez do Espírito Santo. Esse aí não é aquele cara que se assentava com todo tipo de gente, que comia e bebia na mesa de publicanos, zelotes e demais ‘queima-filmes’?

Pois bem, esse era o mesmo Jesus, só que dessa vez demonstrando sua verdadeira identidade interior. Pondo pra fora sua essência de Filho de Deus, de Ungido, de Profeta, causava então grande dissensão.

Na mesma medida em que é costumeiro do ser humano colocar rótulos nos outros, também colocam máscaras em si. Não quero dizer que Jesus teria sido um mascarado até aquele momento, mas o fato é que ele vivia a vida de alguém comum, misturado aos cidadãos de sua localidade, vivendo praticamente despercebido, até que um dia: “boom”! Sua individualidade foi revelada e seu ente interior veio à tona de forma explosiva.

É comum viver escamoteado nos grupos e utilizar organismos de defesa a fim de se viver uma vida mais confortável, discreta. Ainda assim o meio ambiente infere seus ataques, formulando rótulos que, mal elaborados por quem os recebe, podem definir os rumos de sua própria vida.

É na decisão de se apresentar ao mundo como indivíduo, alguém que recebeu uma identidade exclusiva, que possui talentos, aptidões e habilidades só seus que reside o verdadeiro espetáculo da experiência humana: a realização pessoal!

Jesus mostrou-se ao mundo e, apesar do que pensavam e diziam sobre Ele, viveu plenamente o projeto divino a partir de sua individualidade. Foi capaz não apenas de viver isto, mas também de morrer por sua ideia.

Compartilho com você esta abordagem, relembrando que hoje é o seu tempo e a sua hora de fazer valer sua identidade divina. Mostre ao mundo o filho de Deus que você é, manifeste sua arte, suas idéias, seus planos, suas estratégias. Só há uma chance e ela já está correndo, o tempo vai passando e o mundo segue ansiando ardentemente por ver sua manifestação neste tempo.

Quanta expectativa existe sobre mim e sobre você, filhos de Deus!

Rafael Reparador

Xenofobia evangélica


A igreja evangélica do Brasil já é uma grande nação, tal como a igreja católica, de quem, aliás, sempre seguiu os passos.
Hoje, evangélicos possuem embaixadas de suas denominações em vários lugares do país e também ao redor do planeta, através das chamadas missões. Ou seja, nações ideológicas e religiosas dentro de outras nações.

No Brasil, já são dezenas de milhões de cristãos evangélicos pertencentes a subgrupos, maiores e menores, que possuem traços marcantes de identidade que os diferem entre si.

Seja na indumentária de homens e mulheres, o corte dos cabelos (ou o não corte), a utilização de véus, chapéus, a Bíblia debaixo do braço, ou ainda nos coletivos de jovens abarrotando cultos com shows de música gospel aos sábados - bem como pizzarias no pós-culto - enfim, grupos e subgrupos são formados praticamente todos os dias no Brasil, ganhando seu espaço na sociedade.

Ocorre que as mudanças que vem acontecendo geração após geração promovem cismas e os desligamentos são inevitáveis, quase nunca pacíficos e os que saem, chamados ‘rebeldes’ pelos que ficam, o fazem sempre motivados por algum tipo de demanda espiritualizada. Ou seja, um descontentamento com alguma linha de raciocínio, alguma postura escandalosa (que são muitas) de líderes mais elevados na pirâmide e, por fim, o despertamentos espirituais, moveres sobrenaturais, os chamados avivamentos, tudo é razão para a criação de novos grupos.

O argumento quase sempre passa por terminologias como: “Deus me mostrou que não podemos mais ficar aqui” ou então: “A Palavra diz: ‘saí do meio dela, meu povo’” e por aí vai.

Entrementes, esses casos que determinam novos conceitos, práticas e idéias que costumeiramente levam ao rompimento com determinadas tradições e ritos são capazes de produzir discriminação, a xenofobia teológica. Ou seja, havendo a permanência de um grupo ou indivíduo que se contrasta do convencional, dentro de um grupo, o próprio grupo trata de promover sua exclusão.

A exclusão pode ocorrer através de preconceitos velados, constrangimentos, assédios morais ou ainda por um convite expresso para ir embora. É uma situação que tem se tornado comum na história das igrejas evangélicas do Brasil e, sem dúvida, tem sido uma das fortes razões para a existência de tão grande diversidade de denominações e comunidades, as quais, sob um olhar superficial, parecem idênticas entre si.

Somente quem vive no âmago dessas questões entende e pode falar das ínfimas de suas discordâncias textuais, mas o fato é que elas acabam se fortalecendo de tal maneira, que se tornam as bases de fé, teologia, liturgia e doutrina de um novo grupo, praticamente igual ao outro.

Seria bem melhor se a Igreja Evangélica fosse capaz de construir uma situação que promovesse a igualdade do meio de toda essa diversidade. Infelizmente, a fragmentação está se tornando cada vez mais caótica e vem produzindo festivais de intolerância, além de gerar ambientes e pessoas fascistas.

Já é possível notar exemplos de fascismo nas imediações de grande parte das igrejas. Isso sempre foi notório nas igrejas americanas e também na África do Sul, onde negros e brancos nunca participavam dos mesmos cultos. Aqui no Brasil, temos igrejas elitizadas, grupos onde somente empresários de grosso calibre participam, igrejas de descolados, de artistas, igrejas de adoradores extravagantes, igrejas onde se fala em línguas estranhas e outras onde se acha ridículo falar, igrejas onde se ri descontroladamente e igrejas onde cultos mais parecem velórios, igrejas onde há iluminação, fumaça e telões de led, como num mega show, igrejas que transmitem cultos ao vivo por meios de comunicação de massa e igrejas onde só podem participar quem é batizado, ou quem é dizimista. Teria mais exemplos...

De fato, a história se repete sempre como um ciclo. Se formos notar bem veremos a Reforma Protestante potencializada por interesses políticos e econômicos. Diversas nações da Europa, cansadas de ter que se submeter ao cajado de Roma - a religião que virou império - e não querendo mais receber suas cartas no jogo político e econômico do mundo daquele tempo, fundaram suas próprias denominações. Luteranos na Alemanha, Presbiterianos na Suíça etc. etc. etc.

Mas nem tudo é um mar de lama e, mas formos considerar a religião cristã por sua contribuição histórica, teremos resultados dúbios.

Veremos atuações nefastas de verdadeiros déspotas cristãos que governaram o mundo com cetro de ferro, dignos do título de anticristo. Veremos contribuições pontuais fundamentais para a filosofia e a ciência, para a cultura, a educação e a formação de cidadãos ‘bons’. Esse ‘bons’, obviamente, é questão de conceito e em minha opinião, muitos dos benefícios trazidos pela igreja cristã na história tratam-se de medidas de domesticação, alienação, sempre a serviço da formação de sua própria nação, ou contratado por alguma outra.

Infelizmente, a conclusão é de que no fundo, todos os cristãos querem ser abraões, ou seja, pais de alguma nação, entendendo enganosamente que ser um abraão é ser um rei, alguém rico e que domina sobre outras pessoas.

É o que penso acerca da maior parte dos pastores da atualidade. Grandes ou pequenos, eles só querem ser reis e quando se tornam poderosos líderes de uma nação, fazem guerra, induzem ao preconceito, enfim, transformam-se em anticristos.

Rafael Reparador

Meu Jesus


A essência mística de Jesus, a meu ver, representa um percentual muito pequeno de sua vida. Maior é o legado, que eu considero 'seu espírito' o qual nos prometeu deixar, do que a própria ação espiritual. Isso é perceptível quando observamos as jornadas de pessoas fundamentadas em misticismo e outras fundamentadas em ‘pleno conhecimento’ (ambos cristãos).

A involução de uns é proporcional ao crescimento daqueles outros. Enquanto uns acham explicações espíritas para acontecimentos, doutrinas de causa e efeito, teorias de maldições de vidas passadas, além de por as culpas de suas frustrações em figuras mitológicas, outros lutam, buscam pela vida, entendendo que Cristo os renovou em seus entendimentos a fim de que sejam novas criaturas.

Ora, Jesus é uma entidade viva, celeste, o Deus Humano que se revela a algumas pessoas em suas jornadas pela vida. Pessoalmente, não está aqui, não habita entre nós, mas seu legado sim.

O poder de Deus, definição dada por Paulo para “evangelho” se manifesta justamente na transformação de pessoas pela renovação de suas mentalidades, ou seja, aqueles que tinham predisposição à iniqüidade, agora, entendem que não são mais submetidos a tal escravidão.

É uma obra mental, é a Palavra celeste tomando vida e fazendo sentido dentro das pessoas pecadoras, caídas, demonizadas por espíritos deste mundo (anticristo) que as conduz ao egoísmo, à mentira, à maldade, à perversão, ao ódio, ao assassinato, à corrupção e a uma das mais terríveis e malignas instituições humanas, “a religiosidade da letra morta”.

Enfim, a grande virtude de Cristo está, não em sua aparição angélica, tampouco nas intervenções miraculosas (das quais acredito na existência, mas estão longe de ser a síntese de sua Obra), mas na metanóia que conduz escravos amordaçados e algemados para um caminho de luz, liberdade e felicidade.

Pessoas entrevadas, coxas, cegas, mudas, surdas, paralíticas, deprimidas, tristes, desesperançadas, enfim, malditos, tornam-se pessoas transformadas pelo encontro da esperança, livram-se da paralisia, passam a se mover novamente, voltam a ouvir a voz de Deus, enxergam o mundo e o sistema de corrupção do anticristo com clareza, tornam-se profetas e são invadidos de uma alegria sobrenatural, ao ponto de se tornarem divulgadores da Vida e da Luz diante de um mundo onde todos estão acostumados com a Morte e as Trevas e que quer engolir os que vivem com a Morte e Trevas.

Milagres existem? Sim, mas são intervenções divinas incomuns, do contrário, não seriam milagres. Devemos correr atrás dos milagres? Não, nossa fé, nossa existência não depende em nada de ver ou participar de acontecimentos espetaculares.

Jesus não é um espetáculo! Jesus é o Salvador e Ele veio salvar pessoas do mundo de seus caminhos corruptos que decidiram seguir, Ele veio mostrar a Luz novamente, fazer brilhar sobre os rostos a clareza da esperança.

Jesus não é um milagreiro, um gênio da lâmpada, um papai noel, um patrocinador, Jesus é o Caminho pra quem não sabe onde ir; a Verdade pra quem busca pelo sentido das coisas e a Vida, pra quem reconhece estar morto em pecados e delitos.

Não ouso resumir a obra do Senhor, mas conheci Jesus assim, dessa forma como acabei de escrever. Esse é o meu Jesus e Ele não é nada menos do que isso pra mim e eu nunca o usarei para meus objetivos, pelo contrário, mantenho viva minha esperança de ser útil a Ele com esta existência miserável que vivo e este corpo corrupto que visto.

Rafael Reparador

Economia do Reino


“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam”. Mateus 6:19, 20.

A economia do Reino de Deus é um mistério pro pensamento humano. Jesus, no versículo acima, traça um paralelo que é capaz de revelar a solidez e a segurança do investimento em cada dimensão, a natural e a espiritual.

Falar nas economias do Céu e da terra é fazer menção de dois bancos paradoxais entre si!

No banco do céu não há depreciação, moras ou juros (traças e ferrugens) e o seu depósito não pode ser tocado por nada, nem ninguém, pois lá não há ladrões, nem corrupção.

Há de se entender que os filhos de Deus foram chamados para investir nesse empreendimento superior, no qual os rendimentos são infinitamente maiores e mais garantidos do que qualquer fundo, empresa ou grupo deste mundo natural, por mais sólidos que pareçam ser.

A confusão que se faz com este assunto reside nas conflitantes teorias teológicas de prosperidade, que agregam práticas pagãs utilizando tarifas pré-estabelecidas (dízimos), ofertas, desafios financeiros e sacrifícios (ebós). Não é disso que estou falando aqui! Essas teologias são as mesmas que foram combatidas pelo pensamento reformador de Lutero, só que as indulgências daquele tempo compravam a bênção divina no Céu, enquanto que as de hoje visam adquirir a prosperidade terrena. Questões de expectativa de vida, eu penso.

Repito, não é disso que estou falando!

Estou falando de coisas como a indagação de Pedro, quando disse: “eis que nós deixamos tudo e te seguimos! E ele lhes disse: ‘Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna’”. Lucas 18:28 – 30.

É neste trecho que ficam evidentes o tipo de depósito a ser feito, ou seja, o que deverá ser investido e os rendimentos que isso trará ao investidor.

Pedro faz a pergunta que todo crente chamado, missionário, apostólico (na semântica deste termo) faz ao Senhor: “estou dando meu tudo, o que eu vou ganhar com isso?”

Ora, não é de se questionar mesmo? O camarada acredita numa mensagem que envolve um investimento radical, do tipo “ou tudo ou nada” e precisa saber o que será de sua vida dali pra frente.

Vivemos num mundo de necessidades reais e, no âmbito da fé, é um grande desafio manter-se firme quando tudo o que se tem para comer e pagar as contas são uma palavra, uma promessa, uma esperança (falo da realidade de missionários, gente que viveu e ainda vive submersos numa vocação que se mistura com a vida ministerial).

Nesses momentos de dúvidas e questionamentos em que somos cobrados em faturas e boletos de natureza social, somos provados naquilo que acreditamos e fica revelado se nosso chamado é alimentado por palha e gravetos emocionais, ou por uma brasa inextinguível, vinda direto do trono de Deus.

No Céu ou na Terra, toda economia está baseada em riquezas, comércios e investimentos que envolvem fé. Sendo assim, existe sempre a possibilidade de um empreendimento dar certo ou não. Claro que, no caso do céu, segundo as palavras do Senhor, o retorno líquido e certo. Veja o que Ele disse para Pedro: “... ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna”.

Praticamente, o que isto quer dizer? Deixar casa, pais, irmãos, mulher, filhos pelo Reino não significa abandonar e sim não se devotar a essas instituições deste mundo. Aqui vai um pensamento extremamente complexo, holístico, além corpo. Pra muitos, nada é mais sagrado do que a família e a maioria das pessoas concorda de que ela é um projeto de Deus para o ser humano.

Também concordo!

No entanto, quem não for capaz de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar, acima até da família, não poderá herdar as coisas desse Reino.

Paulo disse que quem casa passa a cuidar dos negócios do cônjuge. Verdade! Mas não se casar soa mais como uma espécie de atalho pra suavizar a jornada e eu não acredito que Jesus queira que sejamos todos celibatários (ufah!). Creio de forma veemente que Ele nos propôs a colocar a família, o dinheiro, a carreira, as conquistas, os prêmios deste mundo em segundo plano. O que não significa que essas coisas são irrelevantes!

Repito, não é para abandonar, mas sim colocar em segundo plano, ou seja, ser conduzido como um vagão atrás de uma locomotiva, que é o Reino, a meta sublime.

Ele não nos pede pra abandonar empregos, deixar de viver a vida comum, esquecer de nossos familiares, mas pede que tudo isto seja submetido ao seguimento da Missão Suprema revelada a cada crente.

Uma esperança viva deve estar sempre brilhando dentro de nós, baseada no que acreditamos, mesmo sem ver o que queríamos ver, ou receber o que esperaríamos receber.

Como investidor, fico com a promessa de Deus feita no texto de I Samuel 2:35, que diz : "E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do meu ungido".

Toda casa pode cair, toda bolsa pode sofrer um crash, os templos podem ter custado fortunas, igrejas podem ter erguido impérios de comunicação, muita riqueza pode ter sido gerada em nome dessa religião que creditam a Jesus, mas somente os que investem seus sonhos no Senhor, dando preferência à sua Missão, terão uma casa firme e eterna no Espírito.

Rafael Reparador

O conceito de Deus


“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. João 1:1-4

Apesar da clássica revelação que se tem deste texto, que aponta automaticamente pra Jesus, existe nele muito mais sentido e profundidade do que os nossos ouvidos costumeiramente ouvem. Falo isto baseado na premissa tradicional de que o Verbo é Jesus, a qual, ainda que profeticamente correta, esconde outros sentidos que são capazes de amplificar o entendimento do cristão.

Talvez a maioria não saiba que Verbo, neste texto, é traduzido da palavra grega Logos. Por sua vez, Logos significa, de forma estendida, “pensamento ou conceito” ou ainda, “a expressão ou declaração de um pensamento”.

Olhando pra texto sob essa perspectiva, pode-se dizer então, parafraseando, que Deus possuía um conceito, uma idéia que O acompanhava desde o princípio.

Imagino que Ele tinha um projeto muito bem fundamentado em seu coração e essa idéia se tornaria a Obra prima de sua Criação.

Não quero cogitar tocar na Santíssima Trindade com minha rasa teologia, só quero divagar nas possibilidades de que Deus – ao invés de ter Jesus (pessoa) ali do lado dEle desde o princípio - tenha tido uma idéia, um projeto com o qual vinha sonhando desde o princípio.

Com muita imaginação acho que conseguiremos ver Deus pensando, conceituando, elaborando e arquitetando algo com todo carinho, depositando nisso suas virtudes, de sabedoria, amor, compaixão...

Como sonhador que sou, consigo visualizar Deus sonhando com a realização de seu projeto, vislumbrando o dia em que a expressão de seu pensamento tomasse forma e vida, sendo plantada dentro deste sistema de coisas corrompido.

É o que podemos observar um pouco mais adiante no Evangelho de João, quando vemos que esse conceito divino passa a tomar forma humana, fazendo-se carne, materializando entre os homens o projeto de Deus.

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14

No princípio, Deus teve uma grande idéia e há cerca de dois mil anos, Ele conseguiu plantá-la no solo do Universo material, fazendo com que a humanidade alheia a essa revelação pudesse ter acesso a todo seu pensamento numa linguagem acessível, revelada, materializada, Jesus, o Filho.

Jesus é a interface ideal, o projeto perfeito de Deus que traz em si toda revelação do pensamento e das virtudes do Deus Pai, pois nele habita corporalmente toda essa expressão.

Em sua vida, essência e Obra, Jesus deixa um legado para a Igreja, o legado de um conceito com o qual o Pai Celeste planejou para ser vivido por cada filho desde os primórdios da eternidade (seja lá onde e quando fica isso).

Como isso pode ser experimentado? O verso 14 responde que a vivência desse conceito se dá em estar no mundo, entre os homens, não sendo como os homens, mas, influenciados, nutridos com o ideal de Deus revelado em Cristo, vivendo cheios de graça e de verdade e, como resultado, manifestando a Glória do Pai, ou seja, sendo testemunhas dessa obra.

Parece que compliquei o que parecia muito simples, mas é assim que minha mente funciona. Preciso entender, ir além, abstrair, ir mais fundo e espero que cada um daqueles que ler esse texto sejam igualmente abençoados por essa palavra que me move a caminhar neste mundo como parte do edifício, vivenciando integralmente essa experiência fantástica e carinhosamente projetada por Deus, para que possamos revelar ao mundo em nosso derredor a Luz que ilumina as gerações em trevas.

Rafael Reparador

Acreditar nos Escribas ou no Espírito


Em matéria de teologia, os pensamentos são formados a partir de escolas, linhas de reflexão e convenções que vêm de encontro com as expectativas de quem corre em busca de conhecimentos específicos.

Todos têm seus escritores, pensadores, pregadores, apóstolos, profetas e mestres favoritos. Normal!

Contudo, para uma leitura mais aprofundada da Bíblia, precisamos estar dispostos a ir além. Veja bem, a Bíblia não deve ser estudada simplesmente como livro histórico e também não pode ser limitada às tradições que contém. Ora, a Bíblia é um livro interdimensional, uma coleção de registros de gente que andou com Deus, ouviu sua voz, interpretou suas palavras e a interface que fez ligação entre esses escritores e Deus foi o espírito.

Se quem escreveu o fez em espírito, então, os leitores devem igualmente fazer uso dessa mesma via para interpretar o que foi escrito. Sobre isto, Paulo disse aos coríntios que “falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais”. Conclui-se que, se Paulo falou com as palavras que o espírito ensinou, então, devemos ouvir como o espírito ensina.

Torno a repetir, não há nada de mal em adotar linhas de pensamento, regras hermenêuticas e fórmulas de estudar racionalmente a Palavra de Deus, mas o fundamental é que cada cristão tenha a capacidade pessoal de interpretar as Escrituras pela lente do espírito.

Entretanto, é comum observar vícios interpretativos sendo reverberados, atravessando congregações, nações e adentrando novas congregações. Tozer chamava isso de “evangelho de escriba”, que é justamente quando deixamos de lado a interpretação pessoal, fruto de reflexões proporcionadas nas meditações silenciosas no espírito, substituindo por autores de livros e pregadores.

Particularmente, não leio nada que seja “novo”. Gosto de livros velhos, daqueles que ultrapassaram todas as provas do tempo e, deixando de ser meros best sellers comerciais, se tornaram clássicos obrigatórios na cabeceira de qualquer leitor de teologia.

Isto é a prova do tempo dando sua chancela, afirmando o que realmente supera modismos, fatores culturais marcantes e, sobretudo, pontos de vista formados a partir de ‘achismos’. Falo isto baseado nas palavras de Pedro, quando escreveu que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”.

Por estas razões, prefiro esperar por encontros ‘sobrenaturais’ com os livros, os profetas e os apóstolos. Espero que essas ocasiões sejam tramadas por Deus, segundo a orientação que o espírito dá. Não vou atrás do que está sendo falado, não busco congressos de avivamento, nem igrejas que estão se destacando num novo modelo de discipulado. Não andarei de mar a mar, do sul ao leste, buscando matar minha fome pela palavra do Senhor, como disse Amós.

Eu procuro esperar por Ela, a Palavra, deixando-a me conduzir por caminhos de novos conhecimentos, novas revelações e novas perspectivas que traduzam a velha escritura para o meu tempo aqui na terra.

Por fim, prefiro a meditação aos livros; prefiro o espírito à razão. Nem por isto, abro mão dos livros e da razão. Mas também não leio as presunções do Cury, as ilusões da Cabana e as interpretações neo pentecostais.

Rafael Cardoso

O progresso de Jesus


A ação de progredir tem o sentido de andar para frente, de aumentar, ampliar e evoluir. Progresso é o status de quem avança em sua jornada, ou seja, de quem não está de forma alguma estático na vida e, curiosamente, por de ser para melhor ou até para pior. Por exemplo, um câncer pode progredir num corpo, levando alguém à morte.

Seguindo uma vaga cronologia nos acontecimentos que cercaram sua história, vemos Jesus se mantendo sempre assim: avançando, progredindo! Vejamos:

A história de Jesus começa bem antes de sua existência em si e, através de profecias, seu nascimento era anunciado com a pompa de um rei ansiado e desejado com todo o anelo de uma nação à espera de seu Libertador Ungido de Deus, o Messias, o Cristo, o legítimo Filho de Davi.

Não foram somente profetas humanos que falaram sobre Ele, antes de seu advento, mas também os anjos celestiais vinham a Terra anunciando a homens e mulheres sobre sua vinda iminente.

Assim, ele nasceu! Veio ao mundo de forma controvertida - o que seria uma forte marca de sua existência terrenal - recebeu louvor de anciãos, de reis e de sábios de diversas nações.

Ainda na infância, causou surpresa nos doutores da religião por sua sabedoria e conhecimento de Deus e, prestes a iniciar seu trabalho de propagação do Evangelho do Reino de Deus, já dava alguns indícios em eventos sobrenaturais, que confirmavam seu caráter de Santo Homem de Deus.

Como líder religioso, arrebanhou multidões, arrastou milhares de pessoas por onde andou, os quais testemunharam milagres e manifestações de poder sobrenatural, entre os quais multiplicações de alimentos, curas, ressurreições, domínio sobre eventos naturais e mais uma série de experiências inexplicáveis.

Jesus venceu o diabo, fez discípulos ensinando doutrinas nunca antes ouvidas, quebrou paradigmas antiquados e lançou novas perspectivas sobre a Lei de Deus, inaugurando um tempo de Graça, uma profunda Reforma nas bases do relacionamento entre Deus e Humanidade.

Em Jerusalém, numa mesma semana, foi recebido como um verdadeiro Príncipe de Deus. Lá desafiou a sabedoria dos doutores, profetizou acerca do fim dos tempos, revelou-se Filho de Deus ao mundo e imergiu numa profunda intimidade com os discípulos mais próximos, inaugurando a Nova Aliança. Logo após, foi traído, preso, julgado injustamente, condenado, abandonado pelos amigos e até negado pelo mais próximo de todos eles.

Por fim, foi humilhado, escarnecido, torturado e, só, foi condenado a uma morte dura e amarga.

Esse foi o progresso de Jesus na terra! Sim, havia um plano sobrenatural, como nós cristãos, cremos e pregamos, contudo, seu progresso mais se parece com uma grande história de fracasso.

Descobri, então, algumas coisas com essa reflexão panorâmica de Jesus:

- Se estivermos mesmo seguindo ao Messias, uma prova disto será que quanto mais perto chegamos da Cruz, menos discípulos, amigos e seguidores estarão ao nosso lado.

- Em nossos dias, há muitos ganhando a vida com Cristo e poucos perdendo a vida por Ele, ou seja, a mais clara perversão de Mateus 16:25.

- O Evangelho nunca esteve baseado sobre o bem estar e abraçar o Cristo significa alistar-se em uma guerra.

- Por último, brado que não importam as circunstâncias, corrupções e malignidades do mundo ao meu redor. Nada deve mudar minhas convicções!

Rafael Cardoso

Livres para Pensar


Liberdade sempre foi um sonho pelo qual os homens lutaram e chegaram até as últimas conseqüências pela ideia de sua concretização. Por ela, nações grandes e pequenas guerrearam e derramaram sangue.

A liberdade é um desses ideais utópicos que, assim como a justiça, por exemplo, é buscada e clamada por todos em todas as sociedades. Chamo de utópico, justamente pelo fato de que, acredito, nunca tenhamos visto sua manifestação plena na existência humana. Ou seja, se eu perguntar pra alguém sincero e inteligente se já viu a justiça ou a liberdade em sua plenitude, estou certo de que gaguejará, pensará, tentará se lembrar, mas não irá achar esse momento na história humana.

Em meu ideal de liberdade, vejo que ela é uma virtude superior que só pode ser encontrada na vida daqueles que têm em si o Espírito de Deus. Pela Bíblia foi dito que "onde o Espírito habita, ali há liberdade".

Ser habitação do Espírito de Deus é privilégio de seus filhos, os quais não nasceram da vontade dos homens, tampouco de suas instituições, mas da vontade e do gosto do próprio Deus, o Pai espiritual da Igreja Viva, com quem se relaciona através de uma comunhão vinculada por princípios de seu Reino, entre eles, de amor, humildade, tolerância, transparência, justiça, verdade, identificação e, lógico, liberdade.

É impossível descrever em poucas linhas a plenitude da revelação de como se baseia o relacionamento do Pai conosco, mas é possível afirmar que uma das principais características dessa relação é a liberdade.

Deus concedeu a cada um de nós vias de pensamento e ação individualizadas, dotando-nos do poder da livre escolha perante as situações da vida. Costuma-se chamar isso de livre arbítrio!

No Evangelho, precisamos ser livres para pensar, agir e expressar. Quando este princípio é corrompido ou simplesmente arrancado da vida dos indivíduos crentes, quebra-se uma instituição legítima firmada por Deus em favor da humanidade.

Eu acredito que nossa geração deve se comprometer em gerar discípulos de Jesus, que tenham a liberdade de decidir por si mesmos seus rumos, suas visões ministeriais e sua jornada no Evangelho.

É cansativo ver como as igrejas evangélicas, sob o falso argumento da unidade da visão, têm manipulado a mente da coletividade, tentando a todo custo manter as pessoas cercadas por teologias absolutistas e axiomas espirituais.

Para quem é livre mesmo, fica fácil observar essa prática de domesticação de mentes, que insemina frases feitas, jargões com aparência de sabedoria e profundidade e leis que parece apontar para a humildade, as quais geram filhos de uma religião maligna, que só afasta eles próprios e o mundo ao seu redor do Deus Vivo.

Quero participar de uma obra que aponta num rumo ousado, que ensinar uma geração acerca de um avivamento baseado no livre pensar e no refletir por si próprio, que conduz indivíduos a adquirir sua experiência pessoal com Deus, por um Evangelho que é, ao mesmo tempo louco e racional, poderoso e real.

Rafael Cardoso

A Bíblia e o Espírito da Verdade


“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. João 16:13.

Nas palavras de Jesus acima temos uma prova sobre um dos serviços que o Espírito veio prestar à humanidade. Em certo aspecto, Jesus foi um tipo de profeta que veio da parte de Deus anunciar e exortar a todos os homens que voltassem seus olhos para o Criador, abrindo-se às questões essenciais da existência humana, reprimidas em função da crescente corrupção.

Muito se fala sobre o Espírito de Deus, o Espírito Santo, o Consolador. No entanto, embora se diga que Ele é uma pessoa, entre os cristãos evangélicos da atualidade é notório o tratamento de “coisa” dado a esse mesmo espírito.

Digo coisa por notar que a atitude que se tem com relação a Ele, é a de uma força, de um poder místico, sendo sempre representado por elementos da natureza para ser explicado. Em alguns momentos ele é o fogo de Deus, em outros, as águas arrebatadoras, pode ser também um vento impetuoso, ou até um terremoto. Enfim, o Espírito é uma pessoa ou uma coisa?

Quando ouço os crentes orando, dizendo: “vem, Espírito Santo, e derrama sobre nós o seu poder”, assim como se o mesmo fosse uma energia, fico curioso. Já senti essas vibrações em minha vida e confesso que foi bem legal, mas hoje, determinadas experiências que tive têm sido profundamente analisadas sob novas perspectivas. Uma a uma tem sido passada por novos parâmetros de pensamento, revisadas com um juízo racional e teológico, mas também espiritual e objetivo.

Quero entender a razão das coisas e, mesmo que sejam razões das quais se diga ‘inexplicáveis’, quero ver nelas resultados que as justifiquem. Não tenho pressa, pois sei que determinadas ações espirituais só são compreendidas com o passar dos anos e suas razões compreendidas pela história. Também aprendi que as coisas espirituais devem ser avaliadas por pessoas espirituais. Quanto a isto, sinto-me alguém qualificado, pois me entendo por espiritual, não religioso, mas, sim, espiritual.

Voltando às palavras do Cristo, Ele disse que o espírito é Espírito da Verdade. Ora, Jesus é a verdade, como reconhecem os cristãos e o Espírito, que foi enviado por Ele próprio é um eco, uma representação de suas próprias palavras, ações, mandamentos e missão. Em Cristo esteve reservada toda sabedoria de Deus e, na terra, viveu a personificação do que sempre foi invisível aos homens.

O Espírito é a essência, a simbolização do projeto do coração de Deus, que compõe todo o ser interior de Jesus, que é a verdade de Deus revelada aos homens.

Ele disse que quando o Espírito vier, conduzirá os homens por esse caminho de verdade. Por quê? Porque não fala de si próprio, mas sim da Verdade de Deus, Jesus.

Outra questão de sumária importância nessa frase doutrinária de Jesus é que seu Espírito falará de coisas que está ouvindo neste momento e anunciará fatos que apontarão para o futuro.

O que quero propor? Que há uma Verdade sendo revelada neste tempo e uma Verdade sendo mostrada para o tempo futuro. Leia o versículo de novo e veja por si só!

Não estou falando aqui de certo e errado. Conceitos de certo e errado mudam de acordo com a cultura, com o tempo. Estou falando da Verdade, algo absoluto, supremo, que vem da perspectiva de Deus sobre o cosmos e não de uma visão unilateral, aprisionada num cérebro imperfeito, cheio de avarias, ou de uma convenção religiosa humana e corrupta.

Muitos bradam: “eu fico com a Bíblia”, ou “eu prefiro o que a Bíblia diz”. Ora, gente, por favor, me alguém me explique o que a Bíblia fala, senão um monte de palavras que servem de base para as maiores atrocidades da história da humanidade?

Não podemos decifras a Bíblia, tampouco penetrar no coração de Deus através dela. No evangelicalismo brasileiro, o que mais vemos são abusos teológicos e doutrinas estapafúrdias, exploratórias, enganadoras, opressoras.

O que precisamos é do Espírito da Verdade, que não fala de si, mas revela o próprio Deus encerrado no Filho.

Não quero desconstruir a Palavra escrita, mas clamo por uma reforma em nossa maneira de estudá-la. Visões literais, laterais, descontextualizadas, retrógradas estão sendo jogadas na cara das pessoas num tempo inoportuno. Existem coisas certas e erradas que serviram a momentos, mas que não servem mais para outros momentos.

Se assim fosse, andaríamos todos sobre as águas, dividiríamos semanalmente os mares, veríamos profetas subindo todos os anos em carruagens de fogo para o céu. Mas todos concordam que essas aconteceram em outro tempo!

Devemos andar em Espírito para que a revelação de Deus para nosso tempo seja revelada, o resto, é religião. Se precisássemos somente da Bíblia, já não haveria necessidade de existir o Espírito.

Equilibremos a relação da razão e da espiritualidade , entendendo melhor sobre o que é a Verdade em contraste ao que achamos ser certo e errado.

Rafael Cardoso

O tempo e a tomada de decisões


Por um tempo, cheio de curiosidade, perguntei pra Deus qual teria sido a razão de Jesus ter nascido numa condição tão pobre e desprovida, no meio de animais, num celeiro? A resposta que obtive foi lógica e óbvia: Ele nasceu porque se completaram os nove meses, o tempo de gestação havia chegado ao fim e, naquele momento, não havia mais como segurar o bebê dentro do ventre.

Que profundo, não? Pois é, eu sei que soa ridículo e simplista demais falar dessa forma de um evento tão ‘extraordinário’ quanto o nascimento do Messias, o Salvador, o Rei dos reis, mas o fato é que essa simplicidade demonstra exatamente a fatalidade da existência humana. Até mesmo o Filho de Deus esteve submetido aos fatores delimitadores do ser humano.

Ora, nada pode impedir a criança de vir ao mundo quando a hora chega! A bolsa explode, as contrações se iniciam e a dor faz com que o corpo da mulher entre em trabalho de parto.

Observar a natureza e a maneira como as coisas simplesmente são e acontecem podem ser grandes meios para entendermos o funcionamento dos cosmos.

Uma coisa que aprendi é que o que tem que acontecer, simplesmente, acontece. Este é um mistério desta vida, na qual estamos inseridos e da qual, descobrimos com o tempo, ser meros figurantes. Nossas idéias, nossos caracteres, capacidade de tomar decisões de nada valem se o ‘tempo’ não for o certo. O agricultor sabe que não se deve plantar determinada planta num tempo que não é o correto. Ao observar as estações, os ventos, a posição solar, os períodos de chuvas, se determina os momentos exatos de se plantar, podar, colher... ainda assim, não se pode ter plena certeza de que os resultados serão os desejados.

A vida humana normal é cheia de intempéries, tal como as plantações. Existem as pragas que destroem as lavouras, assim como existem as doenças que mudam os planos de uma vida; existem os cataclismos naturais que matam plantações inteiras e desastres que ceifam famílias, cidades e nações.

Para lidarmos de forma ativa diante de uma vida sobre a qual temos tão pouco controle, precisamos de muitas lições de humildade e também de grandes porções de resolutividade.

A resolutividade é a audácia fundamental que cada pessoa deve ter para que possa tomar decisões. A partir de seu caráter e sua consciência interior, o indivíduo cobre-se da bravura que o torna apto a fazer o que deve ser feito.

A vida está cheia de situações adversas e aflições - utilizando a linguagem do ramo do seguro, está cheia de ‘sinistros’. São nessas horas que devemos lançar mão à resolutividade e tomar as decisões necessárias para que tomemos o rumo que nos permita continuar a vida.

Não podemos determinar quando as chuvas virão, quando a doença irá aparecer, nem quando seremos abordados pelo ladrão ou pela tragédia, mas podemos tomar o controle de nossas atitudes diante de todas essas situações difíceis.

Deus não está alheio às nossas vidas e eu não sei bem as doutrinas sobre predestinação e até onde as coisas dependem de Deus e de nossas atitudes, mas aprendi com a vida que Deus nos capacitou para que possamos decidir, tomar nossos rumos após cada situação diferente que passamos e ainda confio que Ele abençoa seus filhos para que sejam fortes e vençam nas adversidades dos dias maus.

Se chegou o tempo de Deus, então é tempo de tomada de decisões.

Rafael Cardoso

Projeto e construção de Deus


“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. I Pedro 2:5

O Homem é um construtor nato! Seu caráter empreendedor se revela em projetos que possam abrigar e sustentar o tamanho de seus sonhos ou egos. Apesar de poder dormir somente numa cama de cada vez e, para isto, necessitar apenas de um pequeno quarto, muitos se sentem melhor estando abrigados num palácio estilo Disney. Algumas construções humanas são tão sólidas que já duram milhares de anos. Imperadores construíram para si catacumbas maiores do que seus próprios castelos. Parece estranho, mas tudo depende do projeto que vem das aspirações de cada pessoa; cada qual com sua loucura.

Deus também tem sua loucura! Ele também projetou algo, sonhou com uma realidade e a colocou em prática. João diz que, no princípio, havia um “logos”, ou seja, uma idéia, um reflexo de seus pensamentos e, esse “logos” estava com Deus e era o próprio Deus.

Foi revelado que o projeto, o “logos”, era Jesus, mas sabe-se que Jesus não é um fim em si mesmo. Pelo contrário, o projeto ‘Jesus’ se estende por toda a humanidade em suas eras e se completa em cada homem e mulher que recebe o status de filho de Deus por adoção.

Nesse projeto, cada filho vocacionado e renascido se torna um tijolo dessa construção e é imprescindível saber que nessa obra tudo vem de Deus, é feito por Ele, segundo seus próprios ideais.

Os tijolos estão vivos, têm mobilidade - não são estáticos - nem seguem cegamente critérios ritualistas inanimados. As pedras vivas são pessoas com coração, indivíduos que, semelhantes a seu Pai, possuem seus próprios sonhos e suas próprias construções para realizar.

A Casa de Deus é espiritual, Pedro diz e a Bíblia se completa afirmando que “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens”, Atos 7 e 17, consolidando essa verdade.

Entendo que o projeto idealizado por Deus é invisível e está ocultado nos corações daqueles que formam os tijolos vivos dessa construção.

Os homens podem ter seus projetos, construir seus templos, desejar erguer prédios suntuosos para quaisquer fins, contudo, Deus não habitará em nenhum desses lugares, pois esses não são partes de seu plano.

Deus não habita na igreja Xis, ou na Y. Deus habita em um prédio espiritual, invisível, um edifício que não está limitado a um endereço fixo. Não importa o quão bela, adequada, bem localizada, ou quantas vagas de estacionamento tenha a igreja construída pelo apóstolo ou pastor. Deus não habita nela! Pode ser a melhor das visões de administração de gente, organizada sob os mais modernos e bem elaborados métodos revelados pela Bíblia, mas isso não quer dizer nada para Deus. O construtor pode ser teólogo, doutor em divindade, com MBA em Gestão de Pessoas, mas Deus não habitará jamais em suas células.

O prédio de Deus não está á vista de qualquer pessoa, não pode ser simbolizado por marcas sacras e não tem vitrais em estilo gótico. Ele não pode ser visto a olho nu! Está entre nós, filhos, religiosos, orgulhosos, humildes, bons, maus, ricos, pobres, negros, brancos, livres, escravos, ladrões, honestos... está no meio do povão e da elite de qualquer nação ou vila; na cidade ou no campo.

Líderes sistematizam um trono para Deus. É costume antigo tentar invocar a Deus, construir templos, igrejas, erguer altares. Hoje em dia, pensa-se que Deus habite em palcos, mas também não.

Deus mora dentro do coração de sacerdotes, seus servidores, os quais aprenderam a fazer o que lhe agrada e, por intermédio da revelação que receberam de Jesus, vivem espalhados pelo mundo, disfarçados de gente comum, ocupando espaços de trabalhadores e cidadãos normais.

A construção de Deus é uma semente de mostarda, é um fermento do Bem, é um reino invisível, um mistério oculto. Alguns dizem: “aqui está Ele”, mas Ele não se deixa levar por eles.

Mesmo cheios de gente e muito bem projetados, os templos não contêm o essencial, que é o próprio Deus. Por outro lado, gente humildade, não ritualista, simplesmente filhos, se tornaram os tijolos da construção divina.

Não se engane com as pirâmides, elas são enormes, duradouras, mas são na verdade sarcófagos para abrigar múmias. Deus está com os vivos!

Rafael Cardoso

Os poderes que movem o mundo


Poder é uma habilidade que alguém tem e usa para impor sua vontade sobre outras pessoas, exercer autoridade, força e influência.
Neste mundo, no sistema de coisas, existem algumas armas que habilitam pessoas ou instituições a movimentar peças humanas segundo seus propósitos. Particularmente, observo pelo menos três maneiras abrangentes de exercer poder, as quais são o medo, a propaganda e o dinheiro (não nessa ordem, tampouco isoladas entre si).
É notável ficar assistindo a história da humanidade e ver fatos se repetindo, estação após estação, olhando massas humanas, nações e gerações inteiras se movendo de acordo com a batuta condutora de alguns grupos investidos de poder. Me recordo da lenda das 13 famílias e dos Iluminatti que, segundo dizem, governam a humanidade desde alguns séculos pra cá, levantando e derrubando governantes de nações importantes, iniciando e finalizando guerras, promovendo acordos e discórdias, enfim, influenciando a vida de muita gente pela movimentação criteriosa das peças do jogo.
Tudo isso pode ser só uma lenda, não sei, mas o fato real é que as peças estão sendo movidas e os meios de comunicação influenciam gente e as massas de trabalhadores são manobradas à produção em troca de salário, numa situação repetitiva e aparentemente sem saída da qual poucos se encorajam a agir de forma não convencionais, justamente pelo medo de não subsistir no sistema, sempre com o temor de nunca chegar a ser “alguém”.
Vejo gente comercializando sua moral, vendendo seu corpo, sua imagem, ética e até a honra de suas famílias, além de sua própria fé, em troca de fama, poder, dinheiro e a possibilidade de ser “alguém” (Nem que seja pra se tornar um BBB. Eca!).
O medo empurra, a propaganda empurra, o dinheiro empurra... são forças impressionantes mesmo. Muitas vezes, esses três poderes agem juntos e um grupo pode usar seu dinheiro para comprar a mídia a infringir o medo. Há, inclusive, um pensamento anarquista que diz que “a propaganda é o cacetete do capitalismo”. De fato, se em governos autoritaristas o cacetete é o da força de sua polícia, nas chamadas democracias, é a propaganda quem impulsiona o povo a caminhar segundo o pensamento da elite mandante. Estamos diante de um momento, no Brasil, em que esses elementos podem ser muito bem observados, é só olhar bem.
Mas a boa nova nisso tudo é que descobri o Evangelho e, quando fui achado por Deus e Ele se revelou a mim, descobri uma nova força que cativou meus ideais e rumos.
Ela não é uma força que manobra a história, pelo contrário, ela entrega as chaves do destino à criatura, tornando-a capaz de seguir, em liberdade, seu próprio rumo. Também não é algo que infringe medo aos que são contrários à sua revelação, tampouco tenta atrair pessoas a si com propagandas e promessas de felicidade e prosperidade.
Conheci a força de Deus através da vida de Jesus. Um poder além de todos os outros poderes. Um poder forte e inexorável como a própria morte. Uma quarta via de energia capaz de mover a história humana paralelamente à que os poderes dominadores deste mundo de engano têm escrito através da opressão de seus cassetetes ideológicos e da impressão de seus livros tendenciosos.
Esse poder é o amor!
Nele não há enganação, nem medo e menos ainda, corrupção. Pode-se obrigar uma pessoa a servir por dinheiro, a prestar honrarias por temor, ou até mesmo pela manipulação mental de uma propaganda bem feita, pode-se levar alguém a morrer e a matar por uma causa. Contudo, não se pode obrigar a amar!

O amor é uma arma exclusiva de Deus e somente os nascidos Dele e que o conhecem são capazes de utilizar essa via de poder.
Enquanto no sistema mundial, na Babilônia, se estabelece o domínio pelo engano, com a fabricação de estruturas perecíveis, Deus, através de seu amor, estabelece uma obra perene, utilizando gente fraca e incompreendida, incapaz de dominar por sua persuasão, mas capaz de dar sua vida em favor de outros.
Gente que considera seus ganhos pessoais como lixo e que joga fora tudo o que o mundo tem em alta consideração e estima.
Tudo o que esses malucos embriagados de amor têm é a consciência sublime de quem é Jesus. O cara que foi perfeito aqui na terra, mas que, assim mesmo, padeceu sofrimentos injustos e terríveis, quando levava sobre si próprio a dor e a doença de uma humanidade egoísta, manipuladora, desleal e sem graça.
Encontrei esse poder e não abro mão dele por dinheiro, medo ou por propaganda alguma deste mundo.

Rafael Cardoso