Economia do Reino


“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam”. Mateus 6:19, 20.

A economia do Reino de Deus é um mistério pro pensamento humano. Jesus, no versículo acima, traça um paralelo que é capaz de revelar a solidez e a segurança do investimento em cada dimensão, a natural e a espiritual.

Falar nas economias do Céu e da terra é fazer menção de dois bancos paradoxais entre si!

No banco do céu não há depreciação, moras ou juros (traças e ferrugens) e o seu depósito não pode ser tocado por nada, nem ninguém, pois lá não há ladrões, nem corrupção.

Há de se entender que os filhos de Deus foram chamados para investir nesse empreendimento superior, no qual os rendimentos são infinitamente maiores e mais garantidos do que qualquer fundo, empresa ou grupo deste mundo natural, por mais sólidos que pareçam ser.

A confusão que se faz com este assunto reside nas conflitantes teorias teológicas de prosperidade, que agregam práticas pagãs utilizando tarifas pré-estabelecidas (dízimos), ofertas, desafios financeiros e sacrifícios (ebós). Não é disso que estou falando aqui! Essas teologias são as mesmas que foram combatidas pelo pensamento reformador de Lutero, só que as indulgências daquele tempo compravam a bênção divina no Céu, enquanto que as de hoje visam adquirir a prosperidade terrena. Questões de expectativa de vida, eu penso.

Repito, não é disso que estou falando!

Estou falando de coisas como a indagação de Pedro, quando disse: “eis que nós deixamos tudo e te seguimos! E ele lhes disse: ‘Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna’”. Lucas 18:28 – 30.

É neste trecho que ficam evidentes o tipo de depósito a ser feito, ou seja, o que deverá ser investido e os rendimentos que isso trará ao investidor.

Pedro faz a pergunta que todo crente chamado, missionário, apostólico (na semântica deste termo) faz ao Senhor: “estou dando meu tudo, o que eu vou ganhar com isso?”

Ora, não é de se questionar mesmo? O camarada acredita numa mensagem que envolve um investimento radical, do tipo “ou tudo ou nada” e precisa saber o que será de sua vida dali pra frente.

Vivemos num mundo de necessidades reais e, no âmbito da fé, é um grande desafio manter-se firme quando tudo o que se tem para comer e pagar as contas são uma palavra, uma promessa, uma esperança (falo da realidade de missionários, gente que viveu e ainda vive submersos numa vocação que se mistura com a vida ministerial).

Nesses momentos de dúvidas e questionamentos em que somos cobrados em faturas e boletos de natureza social, somos provados naquilo que acreditamos e fica revelado se nosso chamado é alimentado por palha e gravetos emocionais, ou por uma brasa inextinguível, vinda direto do trono de Deus.

No Céu ou na Terra, toda economia está baseada em riquezas, comércios e investimentos que envolvem fé. Sendo assim, existe sempre a possibilidade de um empreendimento dar certo ou não. Claro que, no caso do céu, segundo as palavras do Senhor, o retorno líquido e certo. Veja o que Ele disse para Pedro: “... ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna”.

Praticamente, o que isto quer dizer? Deixar casa, pais, irmãos, mulher, filhos pelo Reino não significa abandonar e sim não se devotar a essas instituições deste mundo. Aqui vai um pensamento extremamente complexo, holístico, além corpo. Pra muitos, nada é mais sagrado do que a família e a maioria das pessoas concorda de que ela é um projeto de Deus para o ser humano.

Também concordo!

No entanto, quem não for capaz de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar, acima até da família, não poderá herdar as coisas desse Reino.

Paulo disse que quem casa passa a cuidar dos negócios do cônjuge. Verdade! Mas não se casar soa mais como uma espécie de atalho pra suavizar a jornada e eu não acredito que Jesus queira que sejamos todos celibatários (ufah!). Creio de forma veemente que Ele nos propôs a colocar a família, o dinheiro, a carreira, as conquistas, os prêmios deste mundo em segundo plano. O que não significa que essas coisas são irrelevantes!

Repito, não é para abandonar, mas sim colocar em segundo plano, ou seja, ser conduzido como um vagão atrás de uma locomotiva, que é o Reino, a meta sublime.

Ele não nos pede pra abandonar empregos, deixar de viver a vida comum, esquecer de nossos familiares, mas pede que tudo isto seja submetido ao seguimento da Missão Suprema revelada a cada crente.

Uma esperança viva deve estar sempre brilhando dentro de nós, baseada no que acreditamos, mesmo sem ver o que queríamos ver, ou receber o que esperaríamos receber.

Como investidor, fico com a promessa de Deus feita no texto de I Samuel 2:35, que diz : "E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do meu ungido".

Toda casa pode cair, toda bolsa pode sofrer um crash, os templos podem ter custado fortunas, igrejas podem ter erguido impérios de comunicação, muita riqueza pode ter sido gerada em nome dessa religião que creditam a Jesus, mas somente os que investem seus sonhos no Senhor, dando preferência à sua Missão, terão uma casa firme e eterna no Espírito.

Rafael Reparador

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