Siga ao Homem com o Cântaro d´água!


Marcos 14:12 – 26

Era tempo de Páscoa e, diferente da tradição que cultivamos hoje no ocidente, era para os judeus um tempo de memórias sobre a grande libertação de Deus de uma amarga e longa escravidão. Tempo de relembrar que os seus primogênitos haviam sido poupados da ira de Yaweh, por causa do sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas. Era tempo de ofertas de sacrifícios e de reflexão interior para os mais religiosos. Naquele dia, Jesus enviou dois de seus discípulos mais fiéis, a saber, Pedro e João, a fim de preparar um lugar especial onde realizaria algo tão cheio de significado que marcaria profundamente a alma de toda a cristandade em todas as gerações ate os dias de hoje. O mestre queria um lugar onde pudesse ter um momento de intimidade com seus amigos e para isso, mandou que os mesmos seguissem alguém.

Vejam só: Jesus mandou que seus discípulos seguissem a outra pessoa! Um homem com um cântaro d´água não era alguém comum de se ver, pois tirar água do poço era uma prática das mulheres naquela cultura. Veremos que pessoas como ele, existem ainda nos dias de hoje, sendo instrumentos nas mãos de Jesus para nos conduzir à Sua intimidade. Aquela Páscoa marcaria um novo momento na história espiritual do universo, trazendo uma nova visão ao mundo acerca do sacrifício em amor para a salvação dos filhos de Deus, através de um ritual renovado, preparado por Jesus para o estabelecimento de uma Nova Aliança com a humanidade: a Santa Ceia do Senhor!


1) O que significa a Santa Ceia?
Apesar de reconhecer a imensidão desse assunto, gostaria de apontar de forma bem objetiva, a fim de dar apenas uma breve explanação sobre o que mais me toca com relação a esta ordenança de Jesus. Nos dois elementos simbólicos que Jesus compartilha com os discípulos, estão representados sua vida terrena e espiritual. Ao entregar seu corpo e seu sangue, para que os mesmos fossem ingeridos pelos discípulos, Jesus está convidando uma classe seleta de pessoas a se achegar a Sua intimidade mais profunda. Ingerir a carne e o sangue, significa que aqueles elementos estariam fazendo parte da vida desses homens. Um pacto de corpo e de sangue é o que foi feito ali!
Uma aliança que consistia da entrega de Sua própria vida terrena, na rendição de seu corpo para ser humilhado e punido injustamente, para que a punição dos discípulos (no espírito) fosse revogada; na entrega de seu sangue, que é o símbolo de sua essência celestial, a vida divina que estava nEle e estava sendo compartilhada com aqueles amados seguidores. Isso vale até hoje!!


2) O que é intimidade com Jesus?
A intimidade aqui representada, aponta no sentido de um compartilhamento de proporções profundas e quase sempre muito dolorosas.Ao contrário do que se prega nos Empórios Evangélicos espalhados pelas esquinas das cidades, estar em Cristo é algo que custa muito caro. Ser seu amigo e discípulo, beber seu sangue e comer seu corpo, significa ser alguém disposto a ir até as últimas conseqüências por amor a Ele.Intimidade é comer no mesmo prato, beber no mesmo copo, sofrer as mesmas dores, chorar as mesmas lágrimas e também sorrir com as mesmas conquistas, enfim, compartilhar a vida em comunhão profunda.


3) O que há na intimidade?
Cada um desses versículos cita situações que ocorrem quando entramos na intimidade com Jesus. Vejamos:
(vers.18) Demonstra que ali na intimidade, existe confronto, transparência, sinceridade. Se vivermos numa realidade de igreja-mercado, podemos passar despercebidos, colocando máscaras que ocultarão nossas intimidades. Contudo, numa relação pessoal com Jesus, isso é impraticável. Judas foi desmascarado diante da Revelação de Cristo!!!
(vers.22) Há compartilhamento de elementos essenciais à vida humana, que é representado pelo Pão. O pão é símbolo de alimento físico e espiritual e na intimidade com Cristo todas as nossas necessidades são supridas.
(vers.23, 24) No sangue está a marca da aliança e da vida divina de Jesus. Ao compartilhar isso conosco, Ele nos dá acesso ao Espírito Santo com todas as suas virtudes.
(vers.25) Ali está o vínculo de amizade e compromisso.
(vers.26) Há adoração e oração no sobrenatural. Quando nos reunimos, Ele está entre nós e isso lega um poder espiritual capaz de gerar curas, milagres, mudança de situações irreversíveis.Sem isso, nossa reunião não passa de mero clube recreativo.Aliás, o que tem sido nossas igrejas, nossos cultos e louvores nesses últimos dias?? Pura recreação!!


4) Como chegar à intimidade? (O homem com o Cântaro d´água)
Jesus deu a direção a Pedro e a João. Ele disse: sigam o homem com o cântaro de água e onde ele entrar vocês também devem entrar!
Afinal, quem é este homem? Um homem com o cântaro de água é alguém que recebeu uma porção de revelação diferenciada da parte de Deus com a finalidade de conduzir as pessoas até o lugar da intimidade com Cristo. Ele possui um dom, um talento que atrai as pessoas até Jesus. Pode ser um evangelista com dons de curas ou milagres, um profeta com capacidade de receber de Deus direções sobrenaturais apontando os erros de uma pessoa ou igreja e gerando o arrependimento ou ainda um mestre, com profunda revelação acerca das Escrituras, que ensinará aos discípulos a andarem em conformidade com a genuína Palavra. Essa pessoa é um ministro destacado entre o povo para ensinar e preparar a Igreja a andar em dia na intimidade com Jesus.Em todas as gerações da Igreja na terra, o Senhor envia pessoas com qualidades extraordinárias que têm a missão de nos conduzir até o cenáculo. Todavia, ocorre entre nós um fenômeno comum, que é o de muitas pessoas ficarem paralisadas em sua caminhada espiritual quando passam a seguir somente o homem, nunca chegando à intimidade com Jesus, o que não raro, se transforma em idolatria.

O homem com o cântaro de água não é o fim, ele é o meio, o condutor. Ele é tão humano quanto cada um de nós e, ainda assim, nos chocamos quando vemos alguns desses homens deixar cair o seu cântaro, envolvido num pecado ou escândalo.
Mas o que é mais importante nisso tudo, é o fato de que devemos cada um de nós buscar o seu lugar na intimidade com Jesus. Ele disse que estava preparando muitas moradas para nós, há espaço para todos os que o desejarem sinceramente.
Não se conforme em apreciar a experiência espiritual de algum grande líder, pois ele é somente alguém que o Senhor enviou para servi-lo e leva-lo até bem perto da fonte de todo o poder a capacidade espiritual.

Entre você também na intimidade com Jesus!!!!

Entre a Cruz e a Espada!





“Não cuideis que vim trazer a paz à terra: não vim trazer paz, mas espada: porque eu vim por em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. E, assim, os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. Quem achar a sua vida irá perdê-la; e quem perder a sua vida por amor de mim irá acha-la”.
Mateus 10:34-39



Embora seja denominado profeticamente como o Príncipe da Paz, Jesus, em sua missão de trazer aos homens a Paz de Deus deparou-se com a triste e inevitável realidade do confronto direto com as estruturas de pensamento religioso. Estruturas naquele tempo enrijecidas pelos interesses institucionalistas e tradicionalistas fomentados por dinastias humanas que formavam reinos tiranos sob o manto do sacerdócio oficial. Quero fazer algumas considerações sobre o texto, procurando aplica-las à nossa realidade atual de igreja.
1) A Espada!
“Não cuideis que vim trazer a paz à terra: não vim trazer paz, mas espada: porque eu vim por em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra”
A carta aos Hebreus define a Palavra de Deus como viva e também como uma espada afiada. Jesus está dizendo aqui que não veio trazer paz, mas romanos 5:1 nos diz que ao sermos justificados dos nossos pecados pela fé, temos paz com Deus através de Jesus.Qual é a diferença então nesse aparente paradoxo bíblico?No texto aos Romanos, Paulo está falando sobre a paz que é restaurada no âmbito da maldição do pecado, que fazia separação entre nós e Deus. Nesse sentido, ao sermos reconciliados com Deus por intermédio do sacrifício do Filho, alcançamos a paz. Já no caso que estamos estudando aqui neste texto, Jesus está falando sobre um choque que se tornaria comum por causa da revelação, da rhema, que é a Palavra Viva, a Espada que Ele afirmou ter trazido até nós.Portanto, esse tipo de paz que Ele está dizendo que não veio trazer à terra é a paz superficial, quase sempre cínica, nas relações interpessoais firmadas nos interesses humanos. A paz que garante a solidez nas alianças e nos conchavos institucionais, que nada tem a ver com a paz promovida por Jesus. Uma paz meramente política e mundana. Lembra do que Ele disse:

“Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá”.
2) Os familiares são os inimigos

“E, assim, os inimigos do homem serão os seus próprios familiares”.

O debate teológico entre pais e filhos espirituais tem sido motivo para a criação de tantas visões e denominações cristãs no planeta.Se por um lado entendemos que o choque teológico é uma fonte de divisões no seio da Igreja de Cristo, por outro, gostaria de apontar numa direção diferente e surpreendentemente positiva para a continuidade do fluir do Espírito sobre a face da terra.Deus se move de maneira poderosa através dos obedientes e disponíveis, aqueles doidos que se entregam de forma incondicional ao chamado e, normalmente, isso acontece na vida dos mais jovens. Na igreja, chamamos isso tradicionalmente e tristemente de 1º amor.É através desse sentimento de impulsão que muitos jovens sonhadores se colocam numa linha de atitude que se choca frontalmente com os pensamentos daqueles que já estão em busca da aposentadoria sacerdotal. Por favor, não fique tristes nem revoltados com minhas palavras, elas não são irônicas nem carregadas de ira, mas são coisas que de fato constatei na caminhada da Cruz e que experimentei na própria pele.O que vou salientar aqui é o fato de que as gerações se estabelecem com o tempo. Existem padrões e formatos de tempo em que as coisas acontecem após um período de trabalho, unido à persistência, à perseverança em fé, enfim, se formos fieis, o nosso trabalho terá resultado. São princípios cósmicos que regem a vida antropologicamente. Certamente haverá casos de injustiças, onde alguém que lutou avidamente, perseverando nos princípios, mas que por infortúnio, não alcançou alguns de seus objetivos aqui na terra.Bem, após algumas conquistas aqui neste mundo, a tendência da maioria dos homens é a de relaxar em sua busca. Algo do tipo: agora vou descansar!Isso também é algo natural na vida do ser humano e aparentemente é justo. Mas ocorre que quando alguém numa geração alcança algumas promessas de Deus em sua vida, um fenômeno ocorre no seu coração. Ele procura instintivamente perpetuar sua conquista para além de seus próprios limites naturais, criando assim uma dinastia. Isso não é de maneira alguma anti-bíblico, pois as promessa de Deus para Abraão, se estenderam geração após geração por ter uma caráter perpétuo. Todavia, no episodio da vida de Samuel, ao iniciar sua caminhada ainda nos tempos do sacerdote Eli, fica bem esclarecido para mim que Deus rompe com o sacerdócio levítico para então passar a honrar uma aliança com quem o honrasse. Não quero tão somente levantar uma discussão teológica aqui, mas esclarecer algo frisando mais uma vez que o fluir do Espírito se dá onde Deus encontra fidelidade e disponibilidade.Por esse motivo, haverá briga entre pais e filhos, pois alguns pais irão procurar obrigar seus filhos a seguir seu rumo dentro do circuito daquilo que já alcançaram. Muitas vezes os motivos serão humanamente óbvios, tais como, a comodidade de toda uma estrutura já erguida ou até mesmo por achar que receberam toda a revelação de Deus, sem crer na possibilidade de algo novo acontecer diferente daquilo que já viram em toda uma vida no ministério. Essas coisas são bem comuns! Ocorre que muitas vezes o Senhor estará indicando novos rumos na vida da Igreja por causa da apostasia ou da falta de fidelidade na caminhada de alguns líderes, honestamente creio que seja impossível a nós homens julgar isso sabiamente, mas entendo que essa mudança seja fundamental para que o fluir do Espírito não cesse na terra. É isso, portanto, que gera guerras entre as gerações da Igreja, e esse desentendimento deve ser encarado como algo natural na linha do tempo, pois vindo o vinho novo de Deus sobre a terra, muitos tradicionalistas irão preferir o velho. Contudo, os jovens irão buscar o novo, pois isso é natural ao espírito de ousadia que Deus derrama sobre os seus ungidos e é aí que mora a inimizade e a incompreensão entre as gerações.

3) A visão acima de todas as coisas
“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim”.

A demonstração mais clara de nosso amor por Jesus é a obediência à revelação que Ele nos dá. Aliás em João 15:14 isso fica bem explícito: “Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu mando”.Quem quer gozar da plena e contínua amizade de Jesus em sua vida, deverá fazer disso um princípio inegociável durante toda sua existência aqui na terra. Só assim, com esse amor radical, seremos capazes de ir até as últimas conseqüências no rumo da visão revelada pelo Mestre a cada um de nós e se não formos capazes de enfrentar os embates domésticos para defender nosso posicionamento, certamente não seremos dignos de ir adiante nisso. Entenda que essa não é uma guerra de intolerância entre pais e filhos ou uma mera defesa de pensamentos filosóficos. Não é disso que estamos falando aqui e nem podemos nos deixar levar por esse sofisma. Essa é uma atitude séria e que traz consigo muitas responsabilidades, devendo ser tomada a partir de uma mentalidade renovada e completamente convertida à vontade de Jesus. É uma espécie profunda de morte do “eu” e qualquer coisa diferente disso pode consistir em manipulação da Palavra para fins de discórdia e rebelião com objetivos decaídos.
4) A Cruz!
“E quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. Quem achar a sua vida irá perdê-la; e quem perder a sua vida por amor de mim irá acha-la”.

A Cruz é símbolo de sofrimento, morte, vergonha, zombaria, rejeição e renúncia pessoal. Quando o crente toma a sua Cruz e segue a Cristo, ele nega-se a si mesmo e decide abraçar Suas lutas e sofrimentos. Luta até o fim contra o pecado, contra Satanás e seu sistema mundano que rege os pensamentos humanos e os sofrimentos da vergonha, do ódio e do escárnio do mundo por causa de nossa abnegação em seguir a Cristo em amor. Essas coisas são terríveis para quem nos assiste fazendo isso e muitas vezes os próprios familiares ficam surpresos e atordoados com nossas atitudes, principalmente porque elas acusam as obras más do mundo com seus padrões e filosofias caídos.Tomar a Cruz e seguir a Jesus significa se embrenhar no Renovo, naquilo que ninguém é capaz de entender se não sofrer o mesmo impacto que você. Em contrapartida, muitos olharão para nós e verão nossa luta e trabalho árduo por algo que aparentemente não está dando certo, visto que seria tão fácil simplesmente seguir os seus modelos já confirmados pelo tempo. Jesus diz que quem encontrar sua vida, irá perdê-la. Quem quiser simplesmente vencer neste mundo e ter excelentes resultados com a aceitação da maioria, poderá estar andando num caminho muito próximo de perder tudo no que diz respeito à eternidade. Por outro lado, quem perder tudo o que aqui é oferecido como padrão de sucesso e êxito, em nome da Revelação da Jesus, irá conquistar o mais sublime dos tesouros.

Conclusão
Há uma verdade! Mas há um preço a ser pago por ela. Muitos homens estão atrás do segredo do sucesso, do pulo do gato e pagam somas grandiosas por livros, palestras e qualquer coisa que possa lhes legar o conhecimento que os leve ao tão almejado sucesso. Tudo isso na alma conformada ao que é terrenal. Quem quiser ganhar a sua vida aqui neste mundo, acredite em mim, é preferível ficar com a herança dos pais e seguir em seus caminhos já trilhados e que não darão muito trabalho, agora pra quem quiser encarar a loucura da Cruz e seguir o caminho novo, vivo e estreito, siga o Renovo, o que ninguém ainda viu, o caminho da novidade que Abraão seguiu e por isso foi chamado pai da fé e que o apóstolo Paulo disse ainda não ter alcançado mas que seguia através dele, pelo prêmio da “soberana vocação”.
Entre a Cruz e a Espada há uma escolha a ser feita. Escolha o seu rumo, tenha esperança do prêmio que melhor lhe parecer e boa caminhada!

O Evangelho de Judas





“Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos Doze. então ele saiu, e foi tratar com os chefes dos sacerdotes e com os oficiais da guarda do Templo, sobre amaneira de entregar Jesus. Eles ficaram alegres, e combinaram dar-lhe dinheiro. Judas concordou, e começou a procurar uma boa oportunidade para entregar Jesus, sem que o povo ficasse sabendo. Chegou o dia dos Ázimos, em que se matavam os cordeiros para a Páscoa. Jesus mandou Pedro e João, dizendo: Vão e preparem tudo para comermos a Páscoa”.
Lucas 22:3-8

Quero falar de Judas! Essa figura malfadada, odiada e relembrada com socos e pontapés por piromaníacos em alguns lugares do Brasil quando em sábado de aleluia.
A vida e a atitude de Judas Iscariotes têm muito mais a dizer para nós crentes dos dias atuais do que se prega comumente.
Sim, ele foi o traidor e comprou um campo de sangue com trinta moedas de prata (o preço de um escravo), mas existem muitas coisas dentro dessa história que tem edificado minha vida e mudado minha relação com as esperanças acerca das promessas de Jesus e do Reino de Deus e ainda de sua manifestação na Terra.
Vamos estudar algumas coisas da vida do infeliz irmão e ver o que podemos tirar para nós como lição hoje:

Quem era Judas?
Para um julgamento mais profundo de seu ato de traição, é importante procurar entender sua mente e o tipo de esperanças que ele possivelmente tenha depositado na pessoa de Jesus, bem como o prisma de sua identificação com as pregações do Messias.

Iscariotes
O sobrenome de uma pessoa daqueles tempos, quase sempre mencionava algo que definia sua posição social, profissão ou ideologia. No caso de Judas, Iscariotes é uma palavra que foi provavelmente traduzida do hebraico Ish Sicarii que, além de significar literalmente, “homem do punhal”, está também ligada a palavra Sicário. Os sicários eram uma ramificação da organização dos Zelotes, um partido político que lutava pela libertação de Israel do domínio imperial romano.
Apesar da palavra “zelote” significar simplesmente alguém com excesso de entusiasmo, ou com muito zelo, sua origem está atrelada com o movimento político judaico do primeiro século depois de Cristo que procurou incitar o povo da Judéia a se rebelar e expulsar os romanos pela força das armas. Quando os romanos introduziram o culto do imperador na Judéia, os judeus revoltaram-se e foram derrotados. Os zelotes continuaram a opor-se aos romanos, argumentando que Israel pertencia apenas a um rei judaico descendente do Rei Davi. Se opunham radicalmente ao pagamento de tributo dos israelitas a um imperador pagão, fundamentados na alegação que isso era uma traição contra Deus, o verdadeiro Rei de Israel.
Podemos dizer que ideologicamente, Judas teria pertencido a um grupo de revolucionários que, segundo é possível deduzir, são os avós dos homens-bomba de hoje, que não hesitaram em fazer da guerrilha sua arma em prol do ideal da restauração da soberania de sua amada pátria Israel.

Discípulo de Jesus
O Evangelho puro e simples, livre de todos os institucionalismos que lhe foram impostos em séculos de ‘tradicionalização’ religiosa, é uma pregação que faz jus ao seu título: Boa Nova!
Quando Jesus manifestou ao mundo sua mensagem, apontou-nos um rumo espiritual de reconciliação entre nós e o Criador com base num discurso que foi e tem sido até hoje interpretado de muitas maneiras.
A maneira humana de operacionalizar sua fé é a criação de uma doutrina, ou seja, linhas de pensamento, regras, leis, dogmas e tradições construídas sobre uma revelação que se teve.
Se observarmos a pregação mais original de Jesus, em Nazaré, onde e quando Ele proferiu as palavras do profeta Isaías, veremos que os seus termos “me enviou a dar boas notícias aos pobres, a curar os corações feridos, proclamar liberdade aos escravos e pôr em liberdade os prisioneiros” pode ter uma interpretação doutrinária completamente política e social, que é a forma como eu acredito que Judas tenha recebido a profecia em seu coração.
Um discurso baseado em temas como ajudar aos pobres e libertar prisioneiros e escravos certamente veio ao encontro dos anseios pessoais não somente de Judas, mas de outros discípulos também.
É certo que havia uma compreensão simplista na formação doutrinária de alguns dos seguidores de Jesus que os levou a compreender que Ele iria estabelecer um Reino terreno naquele exato momento da história, desbancando a opressão tirana de Roma contra Israel.
As muitas palavras de Jesus acerca de justiça, paz, respeito, igualdade e até mesmo sobre redistribuição equilibrada de riquezas saíram do âmbito espiritual adentrando numa esfera real para seus discípulos, gerando nos mesmos uma esperança de que o mundo ao seu redor seria revolucionado e de que tudo aquilo seria trazido à existência entre eles já naqueles dias.
Note que esse tipo de esperança, baseado nesse axioma filosófico consiste num equívoco institucionalista que é muito comum entre nós ainda hoje: o de transformar as palavras de Jesus, que são verdadeiras gemas espirituais, em teologias plásticas, moldáveis aos nossos anseios pessoais.

Judas, como um idealista político, logo se identificou com a mensagem do Evangelho, porém, a maneira equivocada e tendenciosa como ele processou e digeriu aquela mensagem, lhe gerou esperanças falsas sobre a instituição de um Reino baseado numa justiça forjada pelo seu próprio senso de justiça.
O fim disso tudo não poderia ser outro senão uma profunda decepção que o conduziu a mais terrível e injusta atitude que ele poderia ter.

Traidor
Dentro desse quadro que se poderia pintar em cima desta história que estamos estudando, é possível aceitar que altos níveis de decepção com Jesus e sua pregação surreal devem ter sido os mais elevados.
Em minha carreira ministerial, vi e ainda vejo muitas crentes abandonarem suas comunidades e passar de discípulos fiéis a críticos implacáveis do sistema eclesial ou do próprio Senhor Jesus.
Gente que acreditou que a cura de seu filho condenado à morte pela medicina viria e não veio, ou gente que esperava que determinados vícios pecaminosos fossem exorcizados de si mesmo, o que acabou não acontecendo, enfim, milhares, milhões de pessoas que se decepcionaram com Jesus por causa da maneira como interpretaram sua pregação.
Dando uma de psicólogo (o que não e a minha, definitivamente), acredito que da perspectiva de Judas, lá dentro de seu coração, Jesus foi quem o traiu!
Se observarmos as palavras que antecedem o texto que estamos usando como base para esta reflexão, logo ali no capítulo 21 de Lucas, veremos que Jesus faz questão de mostrar que a carreira dos discípulos seria marcada por muitas perseguições e afrontas, humilhações e mortes, mas reflita comigo que tudo isso é estranhamente oposto ao ideal de Reino de Deus que qualquer pessoa “humana” possa conceber em sua mente.
Todos nós temos muitas informações em nosso interior que nos tornam capazes de formatar conceitos rapidamente sobre diversos assuntos, que é o que chamamos de lógica. Vou tentar dar um exemplo prático: um pastor de grande expressão aqui no Brasil ao ser perguntado sobre a base da sua pregação da Teologia da Prosperidade, responde assim ao repórter: “Se Deus é um Rei e nos somos seus filhos, então somos ricos, pois nunca se viu um rei pobre”.
É uma constatação lógica mas, convenhamos, não passa de um postulado autoritário, uma máxima que nunca encontrará 100% de respaldo na realidade dos fatos. Ou seja, na igreja desse pastor devem existir muitos pobres, como é peculiar ao país em que vivemos e isso deve gerar uma tremenda decepção em muitos desses pobres, ou consigo mesmos por sua alegada falta de fé e não observância total dos ritos, ou o que é pior, com Jesus.
Muitas pessoas ao ouvir uma pregação que parte de um púlpito, são incapazes de considerar que ali está um homem falando e que suas palavras podem não ser exatamente as palavras de Jesus, mas de alguém que recebeu uma revelação e a transformou em doutrina, popularizando-a.
Pra um entendimento melhor cabe aqui aquela frase: “Comer gato por lebre!” (Disseram que era carne de lebre, comeu e não gostou, mas na verdade era carne de gato. Depois, a pessoa sai por aí dizendo que carne de lebre é ruim).

Ao sentir-se decepcionado e não suprido em suas reais esperanças acerca do Evangelho pregado por Jesus, Judas fez algo muito natural nos dias de hoje: capitalizou em cima da situação!
Essa nossa realidade capitalista embotou de tal forma nossa mentalidade que pouco percebemos que a proporção de “Crentes Judas’ que existe hoje na igreja é algo assombroso. De fato, todos os discípulos foram chamados a carregar a cruz, negar-se a si mesmos e seguir os passos sacrificiais de seu Mestre e não a lucrar com o Evangelho.

- O único discípulo que ganhou alguma grana com Jesus foi Judas!

Os outros foram massacrados por sua fé, decapitados, crucificados, perseguidos, humilhados...

O Evangelho de Judas
Hoje, se fala muito naquilo que o Evangelho proporciona ao indivíduo que crê, seus amplos benefícios nas áreas da saúde, família e finanças, como se o seu objetivo principal fosse o bem estar das pessoas, o que, pasmem, não é verdadeiro.
Embora tudo isso esteja previsto como bênção espiritual legada à Igreja, o Evangelho deve produzir em cada crente uma capacidade de entrega de sua própria vida para que o pleno cumprimento dos propósitos mais nítidos de Jesus ocorra em cada geração.
Coisas como o estabelecimento do Reino de Deus e suas virtudes de paz, justiça e gozo sobrenatural e ainda o cumprimento do principal mandamento, que é o amor a Deus e ao próximo, bem como a Grande Comissão, devem ser o objeto da busca obsessiva de cada crente e não meramente a sua realização pessoal.
Por mais cruel e impopular que possa parecer esta definição que estou dando à causa do Evangelho, minha preocupação é a de trazer à tona a compreensão de que a doutrina pregada e vivida por Jesus e os discípulos fiéis nada tem de semelhante à filosofia humanista (homem no centro) que impregnou o cristianismo dos últimos tempos.
Uma compreensão incorreta acerca do Evangelho certamente acarretará expectativas irreais e isso poderá gerar decepções no coração das pessoas enganadas.
Devemos empreender uma busca pela Verdade, por mais que a mesma seja dura e cruel. A fantasia é uma grande vilã, inimiga da pregação do Evangelho genuíno e acaba se tornando uma espécie de droga alienadora, distanciando os crentes da verdadeira manifestação do Reino de Deus em nós e em nosso derredor.
Uma síntese do que poderia ser o que estou chamando aqui de Evangelho de Judas é a máxima que tem se tornado clássica nas igrejas, principalmente as neo pentecostais, que garante que se Deus não fizer aquilo que o pregador está dizendo, ele rasga a Bíblia.
Ou seja, se o Evangelho não vem de encontro às minhas necessidades pessoais, então ele não serve pra mim e eu então me vingo dele, mas não sem antes ganhar uma grana!
Este engano é fruto da tenebrosa arrogância que obscurece o coração dos homens, tornando-os incapazes de perceber a graça e a beleza do propósito de Deus que foi revelado na vida e na atitude de seu Filho para cada ser humano.
Ainda é tempo de recebermos luz sobre nossas trevas e termos as nossas mentes esclarecidas pela manifestação genuína do Evangelho da graça, que produz riquezas sobrenaturais amplamente acima de qualquer sensação ou realização deste mundo.

Cabe a nós escolher a qual grupo de pessoas pertenceremos: aos seguidores do evangelho de Judas, que esperam conquistar seus objetivos pessoais através de Jesus ou ao grupo dos que entraram no Cenáculo com Cristo para receberem de suas próprias mãos o Pão e o Cálice de sua Páscoa, símbolos do sacrifício e da morte que produzem salvação eterna ao que crêem.


Essas duas portas estão abertas diante de nós hoje: a porta dos que lucram em nome de Jesus e a porta dos que se entregam em nome de Jesus!

Brasil: Pais educam os filhos em casa e agora podem perder sua guarda

Home Schooling ainda é Tabu no Brasil!
Dois adolescentes educados em casa e não na escola passam no vestibular em Minas, e com uma ótima classificação. Mas os pais correm o risco de perder a guarda dos filhos por isso. Veja a reportagem no link:

http://bandnewstv.com.br/conteudo.asp?ID=71401&CNL=20