O tempo e a tomada de decisões
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Por um tempo, cheio de curiosidade, perguntei pra Deus qual teria sido a razão de Jesus ter nascido numa condição tão pobre e desprovida, no meio de animais, num celeiro? A resposta que obtive foi lógica e óbvia: Ele nasceu porque se completaram os nove meses, o tempo de gestação havia chegado ao fim e, naquele momento, não havia mais como segurar o bebê dentro do ventre.
Que profundo, não? Pois é, eu sei que soa ridículo e simplista demais falar dessa forma de um evento tão ‘extraordinário’ quanto o nascimento do Messias, o Salvador, o Rei dos reis, mas o fato é que essa simplicidade demonstra exatamente a fatalidade da existência humana. Até mesmo o Filho de Deus esteve submetido aos fatores delimitadores do ser humano.
Ora, nada pode impedir a criança de vir ao mundo quando a hora chega! A bolsa explode, as contrações se iniciam e a dor faz com que o corpo da mulher entre em trabalho de parto.
Observar a natureza e a maneira como as coisas simplesmente são e acontecem podem ser grandes meios para entendermos o funcionamento dos cosmos.
Uma coisa que aprendi é que o que tem que acontecer, simplesmente, acontece. Este é um mistério desta vida, na qual estamos inseridos e da qual, descobrimos com o tempo, ser meros figurantes. Nossas idéias, nossos caracteres, capacidade de tomar decisões de nada valem se o ‘tempo’ não for o certo. O agricultor sabe que não se deve plantar determinada planta num tempo que não é o correto. Ao observar as estações, os ventos, a posição solar, os períodos de chuvas, se determina os momentos exatos de se plantar, podar, colher... ainda assim, não se pode ter plena certeza de que os resultados serão os desejados.
A vida humana normal é cheia de intempéries, tal como as plantações. Existem as pragas que destroem as lavouras, assim como existem as doenças que mudam os planos de uma vida; existem os cataclismos naturais que matam plantações inteiras e desastres que ceifam famílias, cidades e nações.
Para lidarmos de forma ativa diante de uma vida sobre a qual temos tão pouco controle, precisamos de muitas lições de humildade e também de grandes porções de resolutividade.
A resolutividade é a audácia fundamental que cada pessoa deve ter para que possa tomar decisões. A partir de seu caráter e sua consciência interior, o indivíduo cobre-se da bravura que o torna apto a fazer o que deve ser feito.
A vida está cheia de situações adversas e aflições - utilizando a linguagem do ramo do seguro, está cheia de ‘sinistros’. São nessas horas que devemos lançar mão à resolutividade e tomar as decisões necessárias para que tomemos o rumo que nos permita continuar a vida.
Não podemos determinar quando as chuvas virão, quando a doença irá aparecer, nem quando seremos abordados pelo ladrão ou pela tragédia, mas podemos tomar o controle de nossas atitudes diante de todas essas situações difíceis.
Deus não está alheio às nossas vidas e eu não sei bem as doutrinas sobre predestinação e até onde as coisas dependem de Deus e de nossas atitudes, mas aprendi com a vida que Deus nos capacitou para que possamos decidir, tomar nossos rumos após cada situação diferente que passamos e ainda confio que Ele abençoa seus filhos para que sejam fortes e vençam nas adversidades dos dias maus.
Se chegou o tempo de Deus, então é tempo de tomada de decisões.
Rafael Cardoso