Esperança e frustração
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Me divido entre esperança e frustração ao saber que por mais que faça, nada muda.
No entanto é nesse momento que se tornam manifestas as raízes sombrias e iluminadas do meu coração.
Há em mim virtude e infâmia, graça e desgraça, há em mim bem e mal.
Diante da frustração que me assola divido mente e coração em alegria e tristeza, e sua ação me liberta para que seja quem de fato sou.
Seja mau, seja bom, faço o que me é peculiar quando descubro que nada muda!
Sou Judas que entregou o amigo e mestre aos algozes diante da decepção de um reino que jamais vi; e o mesmo que se lançou no remorso suicida.
Sou Pedro que declarou amor incondicional, mas traí no momento em que descobri que o plano não se cumpriria como esperava.
A esperança impulsiona a fazer o bem que sou, mesmo diante da tristeza da frustração.
A frustração revela o mal que sou, me lançando num vale inóspito e sem vida, amortizando minha esperança.
A vida nada mais é do que esperança e a morte, frustração.
Lido com as duas todos os dias e a disciplina da fé é a força moral que me faz balancear a vida para o lado que acredito ser o melhor.
Não vivo o agora, vivo a história! O que faço hoje, não faço pelo prêmio tangível, mas sim pela coroa de minha vocação soberana, a eterna.
Aprendi a controlar meu mal, mesmo que me deixe enganar por ele muitas vezes.
Contudo, sigo caçando novas esperanças e sobrepujando velhas frustrações afim de não ser enganado por meu bizarro e persistente mal e reprovado em minha busca pessoal e insistente pelo bem.
Rafael Reparador