Ovelhas num mundo cão



Este é um daqueles textos que me preocupa um pouco publicar. Um tema que demorei muito tempo pra compreender e tive que engolir muitos conceitos pessoais até ser obrigado a admitir algo bem amargo.

Sempre acreditei na liberdade, sempre preguei sobre ela e sempre a desejei.

Liberdade é aquela coisa pela qual os povos entram em guerra. Pensa bem no nível de importância disso: muita gente morreu em busca da liberdade!

Com o tempo fui concluindo - por puro empirismo, portanto me perdoem os mais científicos pela heresia - que a liberdade é uma daquelas coisas que não pertencem a nós, terráqueos. 

A liberdade é igual ao amor, à paz, à felicidade; virtudes utópicas que a gente só prova em algumas ocasiões místicas, milagrosas da vida.

Convenhamos, não somos e nunca seremos livres! 

O porquê disto, devo lamentavelmente admitir, se deve ao fato de sermos todos gado!

Nos tempos da igreja, meu pastor dizia: “Rafa, o povo é ovelha!” Eu resistia em aceitar esse conceito de coletivismo implacável, que na minha opinião juvenil retirava toda a individualidade dos componentes sociais. 

Mas o fato é que tanto a Bíblia quanto o mundo em geral comprovam essa tese.

Sim, o povo é ovelha! O povo é gado e, como tal, precisa de pastores para ser conduzido, seja para o bem ou para o mal, na vida social, política ou espiritual. 

Diante disto fica mais claro o entendimento de fatos históricos imcompreenssíveis como, por exemplo, quando da entrada de Jesus em Jerusalém, ovacionado pelo povo, admirado, venerado e, dias depois, odiado, espancado e por fim aniquilado pelo mesmo povo.

Lembro do ex presidente Lula (sem comparações). Lula foi considerado, nos tempos de seu governo, o melhor presidente da história (eu ainda o considero como tal), pouco tempo depois, se tornou um vilão odiado, despertando desejos de vingança popular que culminaram com o linchamento de sua imagem e história.

Este episódio do impeachment da Dilma, do erigir de vários paladinos da justiça, do içamento de um crápula como Michel Temer para ser um ‘salvador da pátria’ só reafirmam esse status bovino que temos como raça humana. 

É o mesmo povo, o mesmo gado, as mesmas ovelhas. Uma hora conduzidas por uns, agindo de uma forma, outra hora conduzidas por outros, agindo de outra forma.

Sad but true!!

Tentei pensar que era diferente disso, mas infelizmente, não é! Somos ovelhas e nossos pastores, na maioria das vezes, são lobos vorazes, ávidos por nossa lã, nossa carne e nosso sangue.

Ovelhas num mundo cão!!

Rafael Reparador

Masculino/Feminino


O amor feminiza, já a falta dele brutaliza.
O feminino sempre esteve associado à delicadeza, à suavidade.
O brutal sempre foi coisa de homem, macho.
Não estou pensando em gênero!
Já vi homem delicado e bruto, já mulher delicada e bruta,
conheci gays, lésbicas e travestis delicadxs e brutxs,
A delicadeza e a brutalidade, na verdade, não são estados de homens, mulheres ou quaisquer outros gêneros.
Delicadeza e brutalidade são estados definidos pela porção de amor que atua em cada coração.
Quanto mais amor, maior a delicadeza, a suavidade, maior a feminilidade...
quanto menos amor, maior a brutalidade, a rudeza...
O que existe são almas regadas e almas secas!
O amor rega, a brutalidade resseca!

Rafael Reparador