Minha experiência com a confissão positiva


O texto de Efésios 6:12 diz que lutamos contra os dominadores deste mundo tenebroso, nas regiões celestes.


Três coisas importantes nele:

1) São dominadores, o que quer dizer que são autoridades com poder para exercer controle; 2) Estão num mundo tenebroso, oculto, em lugares obscuros acerca dos quais não temos conhecimento, sendo-nos invisível e; 3) Atuam em regiões celestes, isso significa que estão acima de nós, sobre nossas cabeças.


É comum vermos determinados irmãos dando uma de Elias, subindo nos morros das cidades para encarar com palavras de ordem aos principados e as potestades. Esses atos proféticos são frutos doutrinários de uma teologia que chamam de “confissão positiva”, a qual consiste na crença de que podemos usar a palavra rhema para realizar no mundo espiritual e físico aquilo que desejamos.


Não tenho muito confiança na eficácia dessa prática, apesar de ter consideração por alguns de seus adeptos, mas atualmente ela tem se assemelhado muito pra mim a varinha de condão ou a lâmpada mágica, as quais com palavras encantadas trazem à existência o que se deseja. Parece ficção!


Será que esse lance não seria mais uma manifestação de nossa insatisfação com relação à impotência diante das mazelas sociais e espirituais que hoje vivemos?


Talvez tudo isso tenha começado com algum crente que, estando infeliz e indignado com sua condição, qualquer que fosse e, não suportando a dor de sua insolubilidade, resolveu então gritar para Deus lá em cima da montanha, clamando pelo cumprimento de Suas promessas.


Ora, uma coisa é o clamor desesperado capaz de tocar o coração de Deus, outra é transformar isso em um método com passos, dicas e receitas, como se fosse uma macumba... junte seis colheres de sal grosso (pois a aliança de Deus é de sal), uma taça de vinho (que é o Sangue do Cordeiro), ache doze pedras nativas da montanha, derrame óleo de mirra e erga um altar (conforme consta na Lei e também no livro dos Macabeus). Não se esqueça de levar um adorador com violão de doze cordas o qual, durante todo o processo, deverá cantar cânticos espirituais (de preferência versões da Misty Edwards) e recite as orações (rezas), contendo os juízos e profecias dos Salmos e dos Profetas e que foram cuidadosamente elaboradas pela pra. Valnice Milhomens. Após tudo isso, toque o shofar, o que dará o desfecho, selando misticamente o ato profético.


Alguém aí já participou disso? Eu já e foi assustador. “Nunca mais”, eu disse após toda uma madrugada de intercessão e adoração profética culminando no tal ato profético acima descrito. Estranho é que restou em minha alma uma sensação de ter feito algo ridículo, contra os meus princípios, tipo uma ressaca. Pensando bem, era a mesma sensação que tinha após passar uma noite inteira bebendo e cheirando pó, quase sempre dando o desfecho com uma prostituta bem barata da Av. Farrapos. Eu ia pra casa arrasado!


Não vejo neste texto de Efésios 6 uma base muito sólida para esse tipo de ação, antes, pelo contrário, vejo nele um chamado para agirmos de forma inversa à confissão positiva, o que eu chamaria de resignação positiva.


Ao invés de, como malucos, tentarmos dar ordens a Deus, deveríamos nos conformar a sua vontade e na maneira como tudo foi estabelecido por Ele. Não acho, por exemplo, que a armadura que recebemos como guerreiros espirituais nos tornem capazes de confrontar principados, mas nos dá condições de resistir aos nossos inimigos no meio da guerra que enfrentamos todos os dias.


Pois, se a guerra não é contra pessoas, então não podemos lutar com uma mentalidade humana. Nossa luta é contra estruturas obscuras e dominantes, que governam a consciência coletiva de nossas sociedades, as quais padronizam condutas e pensamentos.


Portanto, a luta deve começar dentro de nós mesmos, através de uma renovação mental profunda que nos fará reconhecer de fato quem é o inimigo e, para isso, devemos pedir o mesmo que o Apóstolo Paulo pediu em Efésios 6:19: “(orem) por mim ... para fazer notório o mistério do evangelho”.


Estamos lidando com coisas misteriosas, com segredos que somente o Espírito Santo pode nos revelar, contudo, não devemos fazer uso das ciências ocultas ou das experiências místicas fantásticas que alguns irmãos tiveram tornando as mesmas bases doutrinárias do Evangelho. Isto é um erro!


O Cristianismo imutável está baseado na pessoa de Jesus e no seguimento de seu modelo de vida através da revelação dos Evangelhos e da Doutrina dos Apóstolos, sendo estas as únicas bases sólidas que possuímos para doutrinar nossa fé.


O que vem além disso, tem grande chance de ser engano.


rafa,

Na revolução

0 comentários: