Qual o seu nome?
Em tempos bíblicos, o nome de alguém dizia muito acerca de sua identidade. Dava-se grande importância a sua significação, a qual poderia determinar inclusive a bênção ou a maldição de uma pessoa.
A Bíblia tem várias histórias sobre esse assunto, como no caso do último filho de Jacó, que foi batizado pela mãe com um nome que simbolizava todo seu sofrimento vivido na gravidez e parto e que foi mudado por seu pai para Benjamin.
O próprio Messias foi profeticamente anunciado por Isaías como Emanuel. Entendemos que esse nome se deve ao caráter de sua missão como a pessoa de “Deus conosco”, embora ele tenha sido batizado pelos pais com o nome de Jesus.
Há uma promessa para os vitoriosos em Apocalipse 2:17, que declara que receberão de Deus um novo e exclusivo nome. Parece que foi o que aconteceu com Jesus, conforme Paulo disse em Filipenses 2:9, quando Ele recebeu um nome sobre todo o nome.
Nesta estrada de renomes, vemos o próprio Senhor apelidando Simão, chamando-o de Pedro e também os irmãos Tiago e João, que receberam o nome de “Filhos do Trovão”, ou simplesmente Boanerges.
Mas existe outra face nessa história que gostaria de chamar a atenção.
Está escrito em Lucas 21:17: “de todos sereis odiados por causa do meu nome”.
Parece que há uma promessa “ingrata” que foi deixada pelo Senhor praqueles que o seguiriam. Um legado maldito, podemos assim dizer, que vai acompanhar a vida daqueles que receberam o Evangelho do nome de Jesus, que quase sempre incluirá a difamação.
Uma vez, ouvi dizer que um profeta não deveria se preocupar com sua reputação. Confesso que na época não compreendi, mas hoje, está bem claro pra mim que isso é um fato.
Pensar nessa situação me fez lembrar quatro figuras simbólicas do Antigo Testamento. Príncipes israelitas levados cativos pelo império babilônico, sendo obrigados a servir na corte de seu rei, absorver sua cultura e costumes.
Eles tinham uma boa reputação e seus nomes legavam promessas e bênçãos que afirmavam sua aliança e compromisso com Deus e seu povo. Daniel, Deus é o meu Juiz, Ananias, Deus se compadece, Misael, quem é semelhante a Deus e Asarias, o Senhor ajudou.
Eles agora estavam debaixo da servidão de Nabucodonosor e uma das imposições a seguir consistia em um processo de verdadeira lavagem cerebral, mudança de costumes e de hábitos que iam desde a dieta a que estavam acostumados até a mudança de seus próprios nomes.
Daniel agora seria Beltessazar, Bel protege o rei, Ananias se tornou Sadraque, amigo do rei, Misael, passou a ser chamado de Mesaque, quem é como Aku, o deus da lua e Asarias tornou-se Abedenego, servo de Nabu, deus da escrita e da sabedoria.
Mudaram seus nomes, talvez esperando que sobre eles pairasse agora uma nova inclinação, uma nova aspiração de alma, ou seja, que sua identidade fosse redesenhada.
Na Babilônia, que é símbolo do governo que conduz o sistema de coisas, querem redefinir a personalidade dos chamados por Deus em Cristo. Os filhos de Deus vivem imersos num sistema tenebroso que tende a influenciar de tal forma suas mentes, cabendo a cada um, decidir até que ponto esse império de trevas poderá influir e determinar sua identidade.
No caso dos quatro israelitas, como conhecemos na história do livro de Daniel, eles até tiveram seus nomes trocados, pois isso não estava ao seu alcance determinar, mas no que tratava sobre o que iriam comer, eles puderam resistir e impor suas convicções.
Paulo nos convoca a renovar nossas mentes e não nos deixar conformar com este mundo. Dizem que somos aquilo que comemos, neste caso, essa máxima se torna dramaticamente real. Jesus disse que seu alimento consistia em fazer as obras daquele que o havia enviado e também que o homem vive não só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
Andemos nessa Babilônia com sabedoria, atentando com inteligência ao que devemos ou não engolir da parte de Nabucodonosor e seu sistema de pensamento.
Não podemos ser arrancados deste sistema de coisas, nem teremos o menor controle sobre o que vão dizer sobre nós, ou como irão nos chamar, mas podemos decidir se seremos redefinidos pela maldade que nos cerca, engolindo e nos alimentando com as formas de pensamento e conceitos de felicidade, poder, alegria que este mundo prega.
rafa,
na revolução