Pedra de Tropeço


Dia desses, pouco antes de subir ao púlpito pra tocar e compartilhar o Evangelho numa igreja do interior, fui interpelado por um querido pastor acerca de meus posicionamentos teológicos expostos pelas redes sociais.

Primeiramente, fiquei surpreso por saber que ele lia o que escrevo, mas logo, fiquei apreensivo por ser responsabilizado pela atitude tida como rebelde de uma pessoa de sua igreja.

Nunca almejei ser “pedra de tropeço” de ninguém, contudo, meu status herético, ou seja, não ortodoxo, me coloca numa posição de confronto sempre que sou provocado de alguma forma a expor ideias, seja lá sobre o que.

Ora, o que é um herege senão alguém que se posiciona de forma contrária a uma linha de pensamento adotada por uma convenção? Pensemos juntos: talvez, o que parece certo pra uns, não seja pra outros. Sei que é difícil aceitar que não possuímos em nossa denominação a completude da revelação e do pensamento de Deus, sobretudo quando se trata da religião indefectível dos crentes. Em minha opinião, Deus não seria Deus se coubesse integralmente dentro de nós, mas observo que isto não é um pensamento muito comum nas igrejas.

No final das contas, todos temos aquela esperançazinha de ser os donos da Verdade, da Razão e do Conhecimento, mas quanto mais nos consideramos assim, vejo que mais nos afastamos da verdadeira expressão de Sua Pessoa – que se revela aos puros de coração e agracia aos humildes.

Contudo, voltando ao foco deste texto, nós os que de alguma forma ousamos pensar e refletir diferente dos demais, expressando ideias e conceitos aparentemente anormais, acabamos nos tornando essa tal pedra de tropeço pros que são tidos como fracos na fé, neófitos, ou como se gosta de bradar, rebeldes.

Tudo isso me faz lembrar de Jesus, sobre o qual se profetizou que seria uma pedra de tropeço para Israel e Jerusalém. Veja bem, nação e sua capital escolhidas por Deus, mas por ora, rebeldes! Pedro explica bem isso, quando diz que essa Pedra é preciosa pros que crêem, mas de tropeço e escândalo pros rebeldes.

Na boa, não quero pagar de dono da verdade, nem da razão. Confesso que me sinto um tanto vítima dessa razão, que me invoca a inconformação com a mediocridade, conquanto tenho minhas convicções particulares e as prego, como qualquer um tem o direito de fazer.

Lê quem quer, acredita quem se sente movido a crer e debate se não concorda, mas em suma, admitamos que somos todos iguais e que ninguém tente menosprezar as convicções uns dos outros, contanto que estejamos abertos e disponíveis para o debate das ideias.

Se tenho sido interpretado como uma espécie de desencaminhador do Reino, porta bandeiras de alguma rebelião, ou pregoeiro de heresias, me resta o consolo no fato de que em nome do próprio Jesus muito de engano se tem anunciado, os quais já ocasionaram até guerras, genocídios, oprtessões, injustiças, escravidões etc.

Creio que por mais que se tenham cometido erros em nome do Senhor, Ele próprio não perdeu credibilidade pra nós e, assim sendo, meu compromisso maior é com a semente que tenho lançado na terra, deixando que cada solo cumpra sua parte na forma como acolhe essa semente.

Pois no final

rafa,

na revolução

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