Dura vida dos ateus em um Brasil...
Resposta do amigo Jonas ao artigo abaixo:
Boa noite cara Eliane,
Tive acesso ao texto citado no título deste e-mail através dos bastante utilizados "compartilhamentos" do Facebook, inclusive por pessoas que costumam ridicularizar a fé cristã. Não pude deixar com que o mesmo passasse sem lhe dirigir alguns comentários. Não que eu tenha alguma intenção com os mesmos, mas como uma pessoa que crê na existência de Deus, quis manifestar meu ponto de vista.
Em primeiro lugar o ar elitista do seu texto faz com que os ateus ou a jornalista em questão sejam tão intolerantes quanto o taxista neopentecostal. Porque não a dura vida dos mórmons? Dos judeus? Dos mulçumanos? Dos umbandistas? Dos espíritas? Porque a particularização foi pelo seu credo ou a pela sua decisão de não ter nenhum?
Conforme está escrito nos Princípios Editoriais das Organizações Globo: "Dito isso, fica mais fácil dar um passo adiante. Pratica jornalismo todo veículo cujo propósito central seja conhecer, produzir conhecimento, informar. O veículo cujo objetivo central seja convencer, atrair adeptos, defender uma causa faz propaganda. Um está na órbita do conhecimento; o outro, da luta político-ideológica. Um jornal de um partido político, por exemplo, não deixa de ser um jornal, mas não pratica jornalismo, não como aqui definido: noticia os fatos, analisa-os, opina, mas sempre por um prisma, sempre com um viés, o viés do partido. E sempre com um propósito: o de conquistar seguidores. Faz propaganda. Algo bem diverso de um jornal generalista de informação: este noticia os fatos, analisa-os, opina, mas com a intenção consciente de não ter um viés, de tentar traduzir a realidade, no limite das possibilidades, livre de prismas. Produz conhecimento. As Organizações Globo terão sempre e apenas veículos cujo propósito seja conhecer, produzir conhecimento, informar".
Acredito que o objetivo da revista época e, consequentemente, o seu, não é militar pelo "bem-estar ateu", mas sim conhecer, produzir conhecimento e informar. Acredito na liberdade de expressão e estou disposto a ouvir todas as opiniões, entretanto, se utilizar de um meio jornalístico de grande circulação para tanto é uma covardia, o objetivo deste meio de comunicação não é opinar, mas sim informar (não a sua vida, mas os fatos).
Outro ponto que é afirmado no texto é que a porção neopentecostal está "mudando a forma de ser brasileiro". Em nenhum momento são apresentados dados estatísticos que possam dar suporte a esta afirmativa.
Na contramão da sua afirmativa está o fato de que hoje no Brasil há 280% mais casamentos desfeitos do que há 25 anos atrás (revista super interessante edição 297 pg 33). O divórcio é algo que não é incentivado no meio evangélico, sendo, cogitado apenas em última instância, entretanto, no Brasil parece que a população segue o rumo contrário.
Segundo estimativas da polícia militar no ano de 1997 a parada gay em São Paulo contou com a participação de 2.000 pessoas. No ano de 2006 foram 2.500.000 pessoas, número este que entrou para o Guiness Book como a maior parada gay do mundo. Um fabuloso aumento de 124.900%. Pergunto a você: Alguma igreja neopentecostal que você pesquisou prega o homossexualismo? E mais, segundo dados da mesma polícia militar, do ano de 2007 para 2011, o evento “Marcha para Jesus”, também em São Paulo, teve uma contração de -42,86%. Não consigo ver a força neopentecostal no povo brasileiro a partir destes dados.
Para encerrar gostaria de deixar registrado que em Maio de 2010 eu parei de freqüentar a igreja evangélica justamente porque não agüentava mais “o shopping da fé” como você acertadamente colocou em seu texto. Hoje sou um crente em Deus praticante, mas não freqüentador e respeitador das crenças alheias e espero o mesmo respeito deste veículo de comunicação.
Jonas Silva
jonasasilva@terra.com.br