O mal é a maior instituição da humanidade. Somos sempre inclinados e tentados a fazer o mal, nunca o contrário. Em nossas conversas podemos notar que falar do bem tem um gosto sem graça, enquanto que ao citar o mal, sentimos um toque diferente, como um ácido empolgante que borbulha em nosso interior. Quase uma droga!
O bem é como água, incolor, inodoro, puro, apto e perfeito para matar a sede dos necessitados, já o mal, é alcoólico, inebriante, por isso nos atrai.
Além disso, fazer o bem está fora de moda. O ideal de nossos dias é a vista grossa, o “deixa pra lá”. É um vício de conduta, herança formada por eras de chavões antigos como “a vida é assim mesmo”, ou “a sociedade é má” e ainda “o mundo jaz no maligno”, que permite que a indiferença tome conta de nossas mentes, amortizando nossa atitude de filhos de Deus e embaixadores de Cristo.
Afinal, somos ou não os “carvalhos de justiça plantados pelo Senhor para sua Glória”?
Talvez nosso amor tenha pegado um resfriado e passamos a “folgar diante da injustiça” (I Coríntios 13: 6)?
Estes são questionamentos que devemos fazer pra nós mesmos, igreja, a fim de reavaliarmos nossa postura diante deste mundo tenebroso.
Paulo disse, “irmãos, não cansemos de fazer o bem” (2 Tessalonicenses 3:13). Tiago: “aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”. (Tiago 4:17). Em outra oportunidade, está escrito: “Não nos cansemos de fazer o bem”. (Gálatas 6:9). No antigo testamento, Isaías inicia seu livro dizendo “aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas”.Isaías 1:17 e o próprio Senhor Jesus, por fim, no orienta: “sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes”. (Marcos 14:7).
Mas, como intitulei esta reflexão, o bem está aprisionado e é necessário que rompamos com as correntes que o travam para que ele venha a se manifestar, fazendo brilhar em nós a luz de Deus nestes tempos tão sombrios.
Paulo nos ensinou que “O Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus”. (Romanos 8:16). Veja bem, Deus é bom e “ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque era com ele”, (Atos 10:38). Portanto, fazer o bem é da natureza de Deus e de seus filhos, porque todos compartilhamos de um mesmo Espírito essencial.
Por esta razão a Bíblia ainda reafirma a necessidade urgente de nos apresentarmos ao mundo através do bem, dizendo que “a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus”. (Romanos 8:19).
A lâmpada ainda está acesa, mas brilha a partir de nosso interior, ligando e manifestando dentro de cada filho e filha de Deus uma identidade piedosa, parecida com a vida que Jesus viveu na terra.
Indiferença é fruto da mentalidade de pecadores, uma marca comum aos filhos das trevas e que vivem vidas egoístas. Nós, filhos, temos uma nova marca que define nossa personalidade, a do amor. O amor se importa e impulsiona as pessoas a lutarem pelos direitos dos fracos, pela justiça social e por fim, desencadeia a virtude do bem nos outros.
Veja o exemplo da Igreja Primitiva de Jerusalém: “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo”. Atos 2:44-47
É fácil cair na graça (simpatia) do povo assim! União, comunhão, fraternidade, generosidade, auxílio mútuo, igualdade, amor, respeito... essas são algumas virtudes que se manifestavam na vida daquele povo, as quais contrastavam com a maldade natural de um mundo sem Deus.
Para fazer o bem, precisamos liberar nossas virtudes interiores, nos abrir para os outros, nos dispor em doar o que temos, seja tempo, atenção, carinho ou dinheiro. É necessário reconhecer o que está dentro de você, filho de Deus e dar início a experiência de fazer o que Jesus fez e faria, se estivesse em seu lugar.
Basta acreditar e começar! Pode ser um gesto, um passo na direção do necessitado, uma intervenção de apoio ao injustiçado.
Basta aceitar seu DNA espiritual e honrar o seu status de filho de Deus. Afinal, carvalhos de justiça plantados pelo Senhor, não devem ficar estáticos num banco de madeira em sua igreja, mas viver para sua Glória.