Convite à Loucura, de Manning




Nos relatos bíblicos a respeito do ministério de Jesus e dos primeiros tempos da igreja cristã, fica evidente a estranheza causada pelo estilo de vida adotado pelos fiéis. Pessoas de prestígio e grandes posses abriam mão de tudo para conviver com camponeses e pescadores. Aqueles que por muito tempo foram servidos passaram a lavar os pés dos servos. O ponto em comum: todos foram atraídos pela mensagem do Salvador e agora compunham uma nova comunidade, empenhada na “loucura” de promover o reino de Deus na terra.
Depois de vinte séculos, poucos são os traços que restaram daquela igreja, chamada de “primitiva” quase como forma de localizar sua experiência num ponto da história ao qual muitos cristãos de hoje não pretendem voltar. Em "Convite à Loucura", Manning se dispõe a resgatar essa vocação do povo de Deus.
Ao mesmo tempo, o autor de O evangelho maltrapilho denuncia a futilidade do discurso do qual a igreja cristã se apropriou, marcado pela preponderância das estruturas sobre o despojamento; pela tolerância aos imperativos do capital e ao desprezo pelos simples de coração; pelo abandono da aparente insanidade proposta pelo Mestre em nome de uma suposta “razão” maculada pela veleidade de mestres dos próprios interesses, pregadores de uma fé barata e utilitária.

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