Walking dead
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Não gosto de filmes de zumbis! O mais próximo que minha simpatia me permite gostar de algo parecido com a ‘zumbilândia’ é o antológico clipe do Michael Jackson, Thriller (mas daí, é covardia).
Quando fui ao cinema assistir ao “Eu sou a lenda”, do Will Smith, vocês não podem ter idéia do tamanho da minha frustração, quando percebi que a trama estava calcada sobre os tais mortos-vivos. Odeio esse enredo, sinceramente!
Dia desses, cheguei mais tarde em casa e minha esposa passou a me contar a história dessa série, que é sucesso atualmente, Walking Dead. Ela bem que tentou passar pra mim um pouco da sua empolgação ao me contar o quanto a trama era legal, mas eu, irredutível, fingi que estava atento e, no fundo, não conseguia dar muita bola.
Trama de zumbi é sempre a mesma, oras. É formar uma turma pra pegar os não-zumbis e comer seus miolos, ou coisas assim. Não há como fazer um filme ou série de zumbis diferente dessa idéia, eu acho.
A série Walking Dead é baseada nos quadrinhos criados por Robert Kirkman e mostra como é a vida na Terra após um apocalipse zumbi, em que grande parte da população da terra foi infectada por um vírus misterioso que os transforma em mortos-vivos. Daí, ficam os “normais” fugindo dos “anormais”.
Estou falando sobre esse lance porque domingo passado, eu estava com um amigo numa lanchonete da cidade quando, de repente, passou um conhecido, nosso completamente “noiado”. Ele estava tão concentrado em sua loucura que nem nos viu, apesar de nos conhecermos a uns 20 anos.
Pra quem não sabe, “noiado” é uma terminologia que se usa pra definir quando alguém está completamente tomado pela ação de um entorpecente, cocaína, anfetamina ou crack, o que parecia ser, no caso dele.
Ele estava andando pelas ruas da cidade, suando frio, com os pensamentos confusos, mas que pareciam estar ampliados, transcendentes, seu coração estava disparado, sua pupila dilatada e sua mente tomada de uma sensação eufórica e boa de sentir. É a glória dos caídos, a liberação completa dos instintos mais miseráveis e demoníacos, os quais aprisionam qualquer tentativa da racionalidade humana produzir alguma virtude.
“Noiado”, a gente mente, divaga, sente que pode tudo, parte pra briga, rouba, mata, se precipita (no sentido literal e prático da palavra). Não há limitações na mente de um “noiado”, pois sua alma está tomada de uma liberdade tão intensa e desgraçadamente embasada nos sofismas efêmeros da alma atormentada, que comparo essa geração de usuários de crack de nossos dias aos zumbis, os mortos vivos, os walking deads.
Tudo o que falo aqui, falo do que vi, vivi e senti, mas meu coração, embora portando uma frágil e tímida semente de esperança, teme que tanto esse meu amigo, quanto todos os outros milhões de seres humanos que vivem sob a tutela das drogas, não conseguirão ser curados desse vírus maldito e desgraçado que os infectou.
Não sei exatamente o que fazer, no entanto, faço o que posso e está ao meu alcance: compartilho minha história, falo do Evangelho que me libertou, testemunho a Cristo, que é o Caminho (o meio), a Verdade (o conceito de Deus) e a Vida (que rompe com a morte).
Mas estou triste por estar pregando ha anos e continuar vendo essas pessoas se perdendo.
Queria muito um final feliz, mas não sei como isso será possível!