Sacrifício X Santidade


Eu me lembro de ocasiões em que fazia longos jejuns. Longos mesmo! 
Eu tinha a ambição de ser um personagem bíblico, queria ser o melhor e, para tanto, me esforçava muito para não pecar e para me "santificar". 
Sacrifícios eram coisas comuns pra mim!
Os jejuns da moda, quase todos eu fiz: de daniel, de delícias, só de líquidos, durante o dia, até meio dia, de televisão, de beijo (quando namorava)... tudo o que nossa imaginação revelasse ser algum tipo de sacrifício.
That´s funny!
Um dia, em que estava já há mais de vinte sem comer, fui tomar um banho e, quando me olhei no espelho, achei meu aspecto um tanto, diria, angelical. 
Me achei bonito, quase transcendente. Estava sentindo orgulho de meu sacrifício, me sentindo bem com algo que, segundo palavras do rei David, era um verdadeiro castigo. 
Ora, quem em sã consciência sente prazer com o auto sacrifício? Resposta: eu!
Percebi que tudo não passava de minha carnalidade aflorando diante daquilo que considerava ser minha morte. 

Concluí que a máxima bíblica que garante que "somos desesperadamente corruptos" é uma realidade cabal, ao menos pra mim e que não há nada que eu possa fazer para mudar isso! 
Com o tempo entendi que santidade não é fruto de sacrifício, santidade é Graça, assim como a salvação é fruto da Graça, até mesmo boas obras, o amor, a consideração e a bondade com o próximo são fruto da Graça...
Eu? Bem, eu sou um pecador e nada mudará isto, não nesta dimensão. Foi então que aprendi a ser eu mesmo, a conviver com minhas arestas (das quais a religião tentou me convencer que deveria me livrar). 
Hoje, estou convencido de que estou no caminho e que Jesus é o companheiro da jornada comum na vida de gente comum e não nos rituais sacrificiais que ocorrem em dias especiais.

Rafael Reparador

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