Vendendo a alma pro diabo
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Essa semana, o cantor gospel Thales postou na internet a foto do contrato que assinou com a Graça Filmes para rodar um longa que contará seu testemunho.
Aleluia! Como se não bastasse a Babilônia do mercado fonográfico gospel, agora querem erguer uma “Holy-Gospel-Wood” aqui no Brasil.
Nosso país chega às portas do mundo encantado das potências mundiais trilhando um caminho curiosamente paralelo entre crescimento econômico e crescimento de evangélicos. É um paradoxo encantador, um tema que cabe teses de antropologia e até de teorias da conspiração.
Pode-se dizer que o crescimento é resultado das orações dos fiéis filhos de Deus; que os atos proféticos estão finalmente fazendo efeito… afinal com o número crescente de conversões, é óbvio que o país seja beneficiado, pois, a nação cujo Deus é o Senhor é feliz. Né? Que o diga Israel, lá é que é bom…
No entanto, a miopia religiosa que acomete os correligionários do mundo gospel gera essa lastimável sensação de crescimento e de conquista de território, o que na verdade não vem redundando em justiça social, mudança de caráter, arrependimento.
Pelo contrário, a nação padece sua maior crise moral em todos os tempos e a instituição igreja evangélica está intimamente irmanada nesse contexto sórdido. Quem tem olhos, vê!
Voltando ao assunto do produto Thales, que é um broto natural dessa planta híbrida que contém na sua genética um pouco de egito, babilônia e igreja cristã, vi na foto do tal contrato, uma espécie de sinal desse momento que vivemos. Pensar que Graça Filmes é uma empresa que trata dos negócios da Igreja de Cristo é a mais pueril das inocências e, tal como qualquer outra gravadora ou produtora que adentram à cena gospel, seu objetivo final é apenas um: $! Ou você acha que Som Livre, Globo e Sony Music têm uma visão celestial para o Reino de Deus ser implantado na nação eleita Brasil?
Como crente que sou e músico também, resta-me observar – que é, aliás, o que mais tenho feito em todos esses anos de fé – e ver a derrocada moral, ideológica e da fé da música e arte cristã no Brasil. Um reflexo natural da queda da própria instituição igreja evangélica brasileira! Idealista escatológico que sempre fui, vejo que sempre soube lá no meu interior que esse era o caminho: primeiro você vende a alma pro diabo, que é o sistema humano baseado na cobiça, ganância, dinheiro (a marca da besta na atitude e na mentalidade de nossa geração), depois, quando você quiser fazer valer seus ideais interiores, o diabo puxará o seu tapete.
Daí, é a hora do cara resolver se volta ou fica onde está!
Espero que o Thales seja um bom homem e perceba onde está se metendo, mas é muito duro quando o irmão assina o contrato e assassina sua vocação!
Rafael Reparador
(Texto que publiquei há pouco mais de dois anos no Gospel +)