A vida interrompida de Frida!


Ela podia ter sido interrompida
Quem sabe por acidente, uma bala perdida
Ou como um aborto, uma filha que não foi querida.
Mas não! Nasceu pobre e indigna
Só ganhou azar na vida.
Tempestades de uma sina tão sofrida.
O seu nome era Frida!
Passou a infância sem pai, foi criada pela mãe 
que tinha fama de bandida.
Ela cresceu e, desde cedo, reprimida
Do vizinho vinte anos mais velho, bem ou mal, recebeu guarida.
Atrevida, apanhou do mesmo, foi ferida.
Delegado a instruiu se fazer de esquecida.
De volta ao lar, não lhe pediram desculpas,
"cadê a comida!"
Já foi crente e umbandista, mas ninguém lhe deu a saída.
Fez um milhão de rezas e escreveu muitas cartas de despedida.
Que vida dura essa de Frida!
Não era feia, era bela e até andava bem vestida.
Mas seu coração cansado e sua face descaída
Denunciavam o infeliz destino a que foi acometida.
Não restava nada mais, a não ser, resignar-se a esta sorte descabida.
Amanhã levantar cedo e retornar a sua lida.
Tenha melhor sorte neste novo dia, Frida.
Você não foi interrompida, a vida continua, destemida!

Rafael Reparador

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