(((((Ai de nós, hipócritas)))))
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Esta semana eu estava me lembrando de uma vez em que eu entrei no meu carro com a galera e logo fiquei perturbado com um cheiro que não era natural do meu carro e algo que eu sabia que não tinha saído de mim. E sem demorar começou o “Quem foi?”, perguntas que parecem mais com acusações. Pra variar, ninguém assumiu a culpa e, na boa, eu estava começando a duvidar de sua origem. Sabe, existe algo particular no cheiro de um cachorro e o que sai dele, e eu, sendo um dono de cachorros, saquei que a parada era algo além do que eu tinha pensado no início. O “Quem foi?” rapidamente se tornou em “Quem pisou em algo?”. Daí, tudo mundo saiu do carro e, para minha tristeza, descobri que o culpado era ninguém mais além de mim. Que xique!
O que não falta hoje em dia são pessoas prontas a comentar do cheiro da igreja atual, de falar dos seus problemas, e não são poucos os que gostam de criticá-la. Só nesse caso já descobrimos mais dois problemas, fazendo do que parecia o bastante, algo ainda muito maior. O primeiro problema é que a maioria desses que falam, não fazem nada além de falar. São aquelas bocas de ar quente que fazem o Deserto de Saara parecer com Pólo Norte. Eles só fazem pose de guerreiro e falam de revoluções dais quais nunca irão lutar; só falam das manchas no vestido da Noiva das quais eles não estão dispostos a limpar.
O que esse mundo não precisa é de mais desses revolucionários de sofá. O que esse mundo precisa é de guerreiros de verdade que estão em grande falta nas nossas igrejas hoje. Ah sim, a gente sabe cantar sobre sermos guerreiros e tal, mas coloca um desses “fortes” na praça com a galera da pesada e ver ele em ação, ou falta de. O segundo problema é que, enquanto eles estão falando, todos por perto começam a sentir o cheiro estranho, e como sempre, começa o “Quem foi?”, e depois de todos negarem, os mesmos começam a levantar seus pés para dar uma olhada embaixo.
O mais interessante é que todos estão carregando algo extra, além da lama. A igreja tá cheia de estrume (estou tentando evitar usar a palavra bosta para não ofender os religiosos que não gostam de termos atuais), coisas das quais nós temos pisado. Se nós estivéssemos pisando somente na bola, seria mais tranqüilo, mas não, é o estrume dos nossos pecados ocultos e das coisas que saem das bocas desses fariseus. É demais, e isso me leva onde eu queria chegar. A maioria dessa galera que tem facilidade em enxergar os erros da igreja e de seus membros não consegue ver que eles estão fazendo as mesmas coisas, se não piores.
Um dia um fariseu foi ao templo para orar e, chegando lá, ele viu um pecador. Ele ficou o observando por um tempo, e finalmente começou a orar: “Deus, muito obrigado por eu não ser igual aquele cara ali. Que vergonha para seu nome de por alguém assim na sua casa. Muito obrigado por eu ser diferente. Eu sou um dizimista fiel. Eu até dou uma oferta das primícias sem saber o que é e sem você pedir, mas meu pastor fica feliz com isso pois dá para ele trocar o carro a cada ano. Sou também líder de uma célula, e se os meus liderados se ligam e começam a ralar um pouco, eu posso até atingir um título ainda esse ano, talvez pastor ou bispo, e quem sabe, um dia, apóstolo. Nem vou pensar em vice-Deus, pois isso seria um pouco precipitado. E, Deus, eu nunca falto nenhum culto, mas aquele cara ali... Não sei, viu?! Na verdade, eu acho que eu nunca vi ele antes. Mas vamos parar de falar sobre ele, estamos falando de mim.” E bem no meio do discurso, o outro, o “pecador”, com sua cabeça baixa, solta um grito de desespero: “Deus! Tenha misericórdia de mim, um pecador!” E o fariseu, tentando não se distrair, continuou: “Bom, Deus, como eu estava falando, graças a Ti que eu não sou igual a ele.”Não é a realidade igreja hoje em dia? Tá todo mundo criticando o irmãozinho, comentando do cheiro dele sem perceber que o cheiro não é somente dele, mas seu também! Eu sempre percebi a hipocrisia na igreja, pois cresci lá e me tornei craque de não somente perceber a falsidade nos outros, mas também de ser um praticante. Mas depois de ficar um tempo curtindo o cheiro dos outros e de mim mesmo, eu já nem percebia mais, acho que eu acostumei, igual alguém que mora numa fazenda; ele nem percebe o cheiro no ar, mas espere um visitante chegar lá e presta atenção na cara dele, ou melhor, no seu nariz.
Recentemente, num belo dia, quando eu e um pastor amigo meu saímos para tomar uma tigela de açaí, logo percebi que ele estava meio nervoso e perguntei a ele o que foi. E ele se abriu:
“Cara, acabei de descobrir que um membro da minha igreja fuma.” (Eu não comentei, mas continuei escutando.)
“Eu liguei para o pastor anterior para saber o motivo dele ter batizado uma pessoa que fuma, e ele falou que o cara mostrava todos os sinais de arrependimento... Mas não pode uma coisa dessas!”
“Não pode o quê?” “Não pode batizar alguém que fuma! Você ia batizar alguém que fuma?”“Sim, eu ia.”
“O quê?!? Mas, você não pode!”
“Por que?” “Porque é um pecado.”
“É? Onde está escrito isso na bíblia?”
“Não está, mas é um vício e um vício se torna um deus na sua vida.”
“Nisso eu concordo, mas, deixa eu te perguntar algo: quantas pessoas viciadas em café ou Coca-Cola você tem batizado?”
“Mas não é a mesma coisa!”
“Não? Aos olhos de quem?”
E ali nós achamos o cheiro bem embaixo dos nossos pés. Nós, da igreja, os “santos”, tomam café e coca-cola todo dia sem pensar, mas se vemos alguém fumando a gente pira. Por quê? Porque somos hipócritas. Nós julgamos uma pessoa pelo grão de areia no seu olho enquanto estamos competindo com Copacabana em nosso próprio. Quem nos deu a autoridade de decidir quais vícios são aceitáveis na igreja enquanto condenamos outros? Aos olhos de Deus não existe nenhuma diferença entre quem está viciado em café, coca-cola, nicotina ou cocaína. Vício é vício e pecado é pecado. Deus não faz diferença, independente de nossas regras e fardos humanos que colocamos sobre o povo de Deus. Ai de nós, hipócritas!Quantos pastores piram no púlpito em relação aos ladrões da igreja, aqueles que estão roubando a Deus não dando seus dízimos e ofertas, enquanto eles mesmos não declaram tudo no imposto de renda. Ou enquanto têm uma coleção de CDs piratas que ia deixar qualquer rádio com inveja. E pior, eles se justificam com algo fraco tipo “não acho no Brasil” ou que “são muito caros” e bla, bla, bla.
Algo está cheirando por aqui e não é incenso dos louvores roubados que eles curtem. E a nova onda hoje é de detonar os homossexuais, principalmente por causa dessa nova lei pronta a ser aprovada, a “Lei da Mordaça”. Não, eu não concordo com uma lei que vai limitar a minha liberdade para dar liberdade a um outro. Eu tenho direito à minha opinião e o direito de expressar ela segunda a constituição brasileira. Mas, pensando bem, talvez isto seria uma coisa boa para a igreja evangélica brasileira. Com essa lei em efeito, a gente ia ver quem é quem de verdade e acabar com esse falso evangelho da moda que temos hoje. Os próprios pastores e seus membros, que não tem nenhum problema em chamar o pecado dos homossexuais pelo nome, arriscam causar um terremoto a cada domingo quando todos pulam ao mesmo tempo durante o louvor, culpa de uma grande falta de domínio próprio. E esses fofinhos vivem criticando homossexualismo como se fosse o pior pecado de todos. Mas não é! É simplesmente mais um diante de um Deus santo que não mede pecado. Mas gula é algo aceitável no meio cristão e quase encorajado, enquanto homossexualismo leva chicote, por enquanto. Vamos esperar um tempo até uns pastores de renome “sair do guarda-roupa” e ver se isto também não se torna a moda da hora. Enquanto nós ficamos falando do problema de homossexualismo sem fazer nada para ajudar eles, o bafo de b....(estrume) já quase não dá mais pra agüentar. Aí de nós, hipócritas!
Infelizmente não temos tempo para abordar todos os assuntos que podíamos, tipo “namoro santo”, que é igual a “cocô limpo e sem cheiro”, tele“não”visão, uma igreja que perdeu o seu foco e vive olhando para o que pode ser melhor no “templo” enquanto os necessitados morrem de fome bem na entrada, o foco nas riquezas desse mundo das quais Jesus nos advertiu mas que nós temos dado o nome de “benção” e “prosperidade”. E que tal os líderes e ministérios mais populares do que o próprio Jesus Cristo, ou igrejas que pregam regras não achadas na bíblia sobre decência exagerada, não cortando seu cabelo ou usando maquiagem, e somente usando saias cumpridas que acabam servindo para nada mais do que acesso mais fácil enquanto o culto rola e a galera está na área de estacionamento curtindo algo além da palavra do pastor!? Tampe seu nariz, o cheiro está começando a ser demais.Levaria um livro inteiro se fosse pra gente abordar tudo que tem um cheiro estranho na igreja hoje em dia, mas acho que é suficiente falar:
“Algo está cheirando estranho, e se nós pararmos tempo suficiente para olharmos embaixo do nosso pés, vamos descobrir que somos nós. Nós somos o cheiro de bosta (ops!) na igreja e não adianta reclamar ou culpar alguém mais” Deus está lá nos céus gritando “Aí de vós, hipócritas” e olhando bem para nós.Chegou a hora dos revolucionários de boca agir ou se calar. Vocês estão dando ao resto de nós uma dor de cabeça violenta e não temos no orçamento da igreja desse mês o suficiente para ungir todo mundo com óleo. Me perdoe, mais seu bafo é demais.E para nós que somos aqueles que acabamos de descobrir algo embaixo do nosso sapato, vamos limpar ele.
Vamos mudar as nossas vidas. Se cada um começar com si próprio, o ambiente e cheiro da igreja vai começar a mudar em pouco tempo. Lembre-se: na próxima vez que algo está cheirando estranho, talvez seja você.
Ai de nós, hipócritas!
Pr. Jeff Fromholz