Cartas Vivas
A Nova Aliança possui princípios muito revolucionários no que tange a espiritualidade do indivíduo. Como qualquer alicerce de uma construção, os pilares sobre os quais estão baseados os padrões da religião de Cristo são profundos e invisíveis aos olhos naturais. Somente os bons construtores, engajados integralmente na engenharia de Deus, recebem a revelação do conhecimento de seus padrões no relacionamento espiritual.
Pelos ideais humanos decaídos, vivemos num mundo em que impressões são provocadas para que se atinjam objetivos. Sob o alto preço do ilusionismo e da mentira, com a utilização em larga escala da arte do “migué”, o mundo vai gerando seus heróis/vilões, que se destacam dentre os demais, armados até os dentes de argumentos, aparências, credenciais acadêmicas, bons discursos, padrinhos e toda sorte de benefícios utilizáveis para se “chegar lá”.
O “um sete um” tornou-se parte indispensável na vida das pessoas de sucesso! Inclusive dentro da igreja.
Em II Conríntios 3, o apóstolo Paulo trata dessa situação nas imediações da cristandade de seu tempo, discutindo com eles acerca do grande fluxo de pregadores e apóstolos itinerantes, que circulavam entre as igrejas, sobre os quais ele indaga: “será que nós também vamos precisar de cartas de recomendação, como alguns o fazem entre vós?”
A partir disso, inicia um ensinamento profundo sobre uma espiritualidade verdadeira, honesta e humilde, sobretudo, eficaz no que diz respeito a sua veracidade.
Combatendo toda a hipocrisia religiosa, advinda de sinais, marcas e títulos concedidos por meios humanos, Paulo exorta a não nos deixarmos levar pela religião movida pelas aparências exteriores de uma pregação sustentada pela letra e não pelo Espírito.
Um ministério promovido pela letra possui uma espécie de glória, ainda que momentânea. Assim como Moisés, que tinha um brilho no rosto que se desvanecia conforme o passar do tempo, muitos pregadores e líderes têm operado sua obra baseados em virtudes perecíveis, que não produzem efeitos eternos.
Não é esta a proposta de Cristo para seus seguidores! Nosso chamado é o de viver um ministério sobrenatural, baseado no Espírito que vivifica as coisas mortas. Isso é o poder da ressurreição, que está nas mãos daquele que tem as chaves da vida e da morte, Cristo.
Com isso, nosso chamado se concentra em vivermos uma vida sincera e transparente diante de Deus - com o rosto descoberto – a fim de sermos moldados em seu tempo por seu próprio Espírito, de glória em glória, ou seja, de revelação em revelação.
Assim, viveremos muito mais do que a tradição litúrgica ou a mera aceitação de uma doutrina, mas assimilando a cada dia uma novidade surpreendente no Espírito pela vida de intimidade, somos conduzidos a uma transformação pessoal que parte do interior, absorvendo toda nossa existência, anulando o poder do pecado e da religiosidade, revelando uma Glória que vai além de todo conhecimento e domínio humano.