Sempre procurei entender o lance do pecado! Talvez por causa do desejo de ver-me de uma vez por todas livre dele, insistindo em infinitas e frustradas tentativas de vencê-lo. Estudei e ainda tenho estudado a Bíblia sobre esse tema e sempre me deparo com um paradoxo que me confunde.

De um lado temos a implacável condenação, suas implicações mortais e seus efeitos vergonhosos e de outro, temos a graça que nos recebe indistintamente, em qualquer caso, momento, seja qual for a gravidade do delito.

Sei dizer que às vezes me sinto severamente acusado pela Palavra, como se uma espada aguda e afiada pressionasse meu pescoço. Em outras ocasiões, contudo, sinto a leveza da absolvição, o acolhimento do perdão, como um abraço do Pai que releva os terríveis erros de seu filho.

Não sei se essa angústia que chicoteia minha alma vem de Deus, mas hoje, eu acho que não saberia viver sem ela. Um sentimento doloroso, que revolve meu interior, tira meu conforto pessoal trazido pelas próprias realizações, mas que me leva a contemplar com mais clareza a natureza real da qual sou feito.

Sou pecador! O mal está em mim e procura dominar meus sentidos, tendo sucesso nisso muitas vezes.

Segundo se convenciona, a semente da maldade que foi colocada dentro de mim é uma herança da decisão deliberada do primeiro homem em pecar e assim sendo não haveria escapatória dessa genética do mal, pois, segundo a carne, somos todos portadores desse ingrato genoma do pecado.

Não sei, mas mesmo sendo incapaz de definir a complexidade de nossa natureza pecadora ou de explicar as doutrinas do pecado e da graça, me forço a acreditar que é possível lutar diante das tentações, mesmo que seja contra a inexorável propensão genética espiritual humana.

Rafa