As dinastias evangélicas se tornaram muito comuns em nossos dias! Me refiro, com este termo, aos reinados que vão sendo erguidos em nome do cristianismo e que são naturalmente deixados dos “pastores pais” para os “pastores filhos”.

Como se fossem propriedades familiares e à medida que seus pioneiros vão envelhecendo ou mesmo morrendo, as igrejas são assumidas pelos seus herdeiros legais, normalmente filhos e genros, como se fossem feudos. Lembra dessa aula de história? Pra refrescar a nossa memória, os feudos eram legados que alguns nobres (senhores feudais) concediam a outros (vassalos). Em tempos medievais, um feudo era como se fosse uma pequena cidade com um castelo fortificado e uma vila camponesa, onde viviam seus servos, sobre os quais o nobre governava.

Esse quadro te lembra alguma coisa?

Mesmo após tantas eras de existência da igreja e com tantos movimentos e reformas de pensamento, parece que voltamos sempre aos mesmos vícios. A exploração éum hábito humano incurável, parece.

Lemos nos livros de história que grande parte dos monges e freiras que povoavam os mosteiros medievais era enviada por seus pais não por questão de fé, mas de sobrevivência. Devida a grande pobreza que assolava a vida da maioria da humanidade naqueles dias, a carreira de padre era uma excelente alternativa de sustento.

O fato é que, desde sua estatização por Constantino, a instituição igreja tornou-se uma fonte certa de ganho, mais para alguns e menos para outros, mas o ganho é sempre certo.

Continuando minha sessão de metáforas e comparações institucionais, deixo a história medieval e adentro nos nossos dias, mencionando agora os cartórios. Aqueles mesmo onde a gente vai fazer certidões de nascimento, onde reconhecemos firmas e lavramos contratos. Poucos sabem, mas me parece que com a Nova Constituição de 1988, os cartórios deixaram de ser feudos, cujos direitos de exploração de seus serviços necessários e obrigatórios deixariam de ser passados como herança dos tabeliães pais para os tabeliães filhos, devendo agora o cargo ser ocupado por cidadãos concursados.

Adivinha se os tabeliães querem largar essa teta!? Essa briga vai longe, certamente.

Voltando para igreja, como se não bastasse deter os direitos de exploração dos royalties do Reino de Deus entre os homens, a situação se torna ainda pior, quando alguém não quer largar essa fonte de ganho nem mesmo depois de se aposentar, ambicionando uma descendência sacerdotal, mais ou menos como os levitas.

Traz-me saudades de um tempo que não vivi, mas sobre o qual aprendi com o profeta Samuel. Sendo o homem que foi, com o prestígio de alguém que reformou as estruturas de Israel através de uma vida ministerial profética indefectível, não obrigou o povo a aceitar seus filhos em seu cargo, visto que eles não estavam aptos para tal função.

Me preocupa saber que alguns filhos de pastores em nossos dias, mesmo que visivelmente inaptos para assumir a função de seus pais, estejam entrando no ramo por pura conveniência da continuidade nos negócios da família.

Não quero trazer aqui acusação sobre alguém específico, mas uma advertência para que todos possam olhar com sob essa nova ótica a maneira como se tem administrado a chamada Casa de Deus.

Grande parte dos ministros de louvor e cantores que hoje arrebatam multidões são filhos e filhas de pastores que construíram mega ministérios e agora podem dar um suporte ilimitado para transformar seus filhos em sucesso.

Contudo e se eles não estiverem preparados para tão grande nível de exposição e fama? Temos visto alguns irem aos canais de TV de seus pais exporem suas visões e doutrinas exóticas, que nada têm a contribuir com a edificação do rebanho de Jesus. Esses jovens estão gerando confusões, tormentos e revoluções irresponsáveis e eu acho que eles irão destruir tudo o que seus pais levaram a vida inteira para construir.

Playboysinhos não deveriam se tornar pastores, porque pastores são os que dão as suas vidas pelas ovelhas, conforme as palavras do Sumo Pastor da Igreja. Esses filhinhos de papai não vão dar nada pra ninguém, pois só querem continuar recebendo o tratamento que receberam em casa durante toda sua vida, sendo mimados, com suas belas casas e carros, usando as mais caras roupas, estudando nos mais caros colégios.

Um completo contraste de suas próprias vidas com a daqueles que chama de suas ovelhas.

rafa,

na revolução