A diferença entre o escravo e o filho
Vivemos em dias de teologias múltiplas e confusas. Dias em que temos facilmente retornado a rudimentos fracos e pobres, extraídos erroneamente da Bíblia, sob os quais decidimos deliberadamente nos aprisionar.
Nosso desejo de ter uma espiritualidade acomodada aos padrões da convenção corrupta, nos submete a uma religião escrava, que não provém da fé genuína, mas de uma obediência cega a regras e dominações humanas, as quais promovem bitolações em série e uniformidades alienadoras.
Nisso, observo que estamos diante de um grande problema que diz respeito à nossa origem dentro da fé cristã. Sou impelido a declarar aqui que existem dois tipos de filhos dentro das igrejas (além dos filhos de Satã, o joio, que ali se espalham em abundância também).
Há os filhos da escravidão e os filhos da liberdade!
Você já deve ter percebido que estou escrevendo isso baseado em Gálatas, né?
Naquela carta, o apóstolo Paulo critica duramente aos irmãos da igreja da Galácia por uma inclinação dos mesmos em se conformar a determinadas regras do judaísmo, que segundo a pregação da fé e liberdade de Cristo, não se aplicavam mais para aquele povo, naquele tempo.
O desejo deles, segundo entendo, consistia na tentativa de amenizar sua consciência pagã, praticando rituais judaicos, como se aquilo fosse aproximá-los da realidade de “povo de Deus”.
A censura de Paulo está justamente nessa ideia errada de que o cumprimento de tais rituais, regras e doutrinas pudesse gerar algo vital naquelas pessoas e, segundo sua interpretação, esse tipo de atitude era condizente com a mente de um escravo e não de um filho.
Ora, filho é filho e tem naturalmente sobre si as promessas da herança de seu pai. Assim foi gerado o próprio Abraão, filho pela fé e não pela Lei, a qual surgiu na história somente quatro séculos depois de sua existência.
Ou seja, a fé vem antes da Lei!
A filiação, a relação de paternidade, de vínculo familiar se sobrepõe às regras impostas e nos faz livres.
A analogia da escravidão e da filiação está figurada nos filhos do próprio Abraão, Ismael e Isaque, os quais sendo filhos do mesmo pai, se diferenciam pelas mães: uma era escrava e outra era livre.
Hoje, as mães que têm gerado filhos para Deus são as igrejas e, conforme é sua perspectiva de relação com Deus, assim é a qualidade de filhos que têm gerado nEle.
Igrejas escravas, geram filhos da escravidão, enquanto igrejas livres, geram filhos da liberdade!
Quão importante é para nós, compreender a dimensão e a profundidade de nosso chamado através da pessoa de Jesus. Temos sobre nós a chama da filiação, conforme Romanos 8:29, que nos garante a posição de filhos de Deus, segundo a linhagem do próprio Senhor.
É real, o sangue nobre da estirpe divina corre em nossas veias espirituais e a escravidão não condiz, nem faz sentido algum diante dessa revelação. Por que, no entanto, temos procurado tão avidamente por aprovação em rituais e doutrinas religiosos?
Por causa do engano da pseudo unidade convencional.
Filhos legítimos não carecem de aprovação, alguns têm que andar com tutores e mestres até atingirem a idade adulta, porém, sua liberdade não está em jogo. Jesus foi livre nesta terra, por aqui andou, ou melhor, flutuou, passando por todas as situações que lhe foram impostas com a nobreza de um príncipe, um representante do Reino Celeste. Ele não se viu obrigado a obedecer regras impostas pelo religiosos mais poderosos de seu tempo e, mesmo com a faca no pescoço, cumpriu cabalmente sua missão. Não se dobrou perante as exigências heréticas, mas convencionais que aparentavam ser justas e corretas, mas que, no fundo, mascaravam a falsa religião que escraviza os filhos num jogo de aparências.
Eu sou filho, e por isso, sou livre.
rafa