A glória dos apóstolos modernos!
O lance dos títulos no plano de carreira na escalada do sucesso na liderança eclesiástica tem sido um assunto muito discutido na atualidade da Igreja Evangélica.
Parece até que existe uma concorrência interministerial acontecendo, pra ver quem será o próximo ungido a apóstolo, bispo e agora também, ao recém-criado título de patriarca.
Ninguém me tira da cabeça que tudo isso não passa de vaidade humana, mas posso estar errado. Aliás, acho que estou errando muito ultimamente, pois quanto mais posiciono minhas observações com relação a esse tipo de coisa, mais pobre eu fico, enquanto eles mais ricos ficam.
Devo estar fazendo alguma coisa muito errada, mas, como eu sofro do Trastorno Maníaco Compulsivo Polemista, vou insistir observando e publicando meu ponto de vista, pois minha consciência não quer me deixar em paz.
Então, vou pras entrelinhas da Bíblia e encontro lá nos primeiros 3 capítulos da segunda Carta aos Coríntios algumas preciosidades enterradas sobre esse assunto. Vou compartilhar com vocês!
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“Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus”.
II Conríntios 1:21
Vocês já tiveram a oportunidade de ver um culto de consagração a apostolado? É impressionante observar como os membros das igrejas locais sentem-se emocionados e honrados com a promoção de seu líder.
É como se ele subisse um degrau na escalada da pirâmide do sucesso. Pior que é exatamente isso!
Muito estranho perceber como o título de seu líder motiva a congregação. Os faz sentir-se importantes dentro da sociedade evangélica. Podem bater no peito e dizer com confiança e orgulho: “temos o nosso apóstolo”.
Deve ser algo semelhante ao que o torcedor colorado sentiu com a conquista do título mundial, após amargar duas décadas de inferioridade perante os arquirrivais gremistas.
Agora somos importantes!
Acho que foi o que motivou o povo de Israel a pedir um rei humano. No final das contas, tudo o que se quer é sair da dependência da fé, deixar de ter que acreditar em coisas intangíveis, promessas do Pai, traduzindo: sair da dependência de Deus!
Quem é quer nos confirma e quem é que nos ungiu, questiona o apóstolo Paulo no texto acima?
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“Porventura começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de recomendação de vós?”
II Conríntios 3:1
Ter um título e arrotá-lo às pessoas é o mesmo que dar um carteiraço, não?
Fico imaginando eu, Rafael, apóstolo. Ao ligar para alguém importante e ser atendido por sua secretária brado: “diga que é o apóstolo Rafa!”
Importante, hein! Na minha cabeça soa meio ridículo e me ferve o estômago só de pensar.
Segundo o apóstolo Paulo, esses caras estão louvando a si mesmos e estão recorrendo a títulos alcançados para se sentirem melhor recomendados.
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“E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório”.
II Coríntios 3:13
Na boa, concluo dizendo que esse lance de deter um título, seja ele qual for, é uma máscara, algo como um véu que colocamos diante de nossos rostos para impressionar as pessoas. Tem gente que cai no “espírito” só de chegar perto de um apóstolo.
Este mundo evangélico está se tornando uma selva cada vez mais estranha, onde os líderes, tais como gorilas, tentam se tornar os machos dominantes do grupo pelo grito, pela força. E cada um exibe a força que tem e se não tem, coloca uma máscara de espiritualidade, faz uns 'salamaques', brada uns 'surionderrás', exibindo tiques nervosos e ornamentos com aparência de mover sobrenatural, a fim de impressionar o bando que lidera.
Os tais, conforme o apóstolo Paulo - apóstolo de fato - fazem questão de superexpor seu título para que as pessoas não olhem firmemente para seu rosto natural. Inibem qualquer tipo de crítica ou observação racional, declarando rebeldia a qualquer que ouse contestar a possibilidade dele ser alguém comum como qualquer um de nós, cuja glória é circunstancialmente oferecida pela Graça, ou seja, imerecida.
Aos amigos apóstolos de função, ou seja, os missionários, plantadores de igrejas que deram suas vidas como adubo para iniciar obras nos confinas da terra, os quais foram e ainda são maltratados por serem pequenos, por não ter títulos, por não ter carros importados, nem aviões, nem morar em Miami: a estes sim, o reconhecimento pessoal de seu apostolado, que os colocou não como príncipes dentre a sociedade dos homens, mas como os últimos dentro de um mundinho vaidoso que criamos no cenário popstar da Eclesia.
rafa,
na revolução