Onde reclinar a cabeça?
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“E,
aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te
seguirei. E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas
o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:19-20).
Muitas pessoas se aproximam de Jesus! O
Mestre é bom, agradável, suas palavras são poderosas e trazem alento aos
cansados e desesperançados. Sua voz é firme, ecoa dentro dos corações e traz
direção ao perdido, fazendo com que sinta a segurança de estar dentro de um
projeto lindo, indefectível e sem possibilidade de erros.
Contudo, a caminhada com Cristo não é um
conto de fadas!
Ao ouvir a voz do Senhor ninguém ficava
indiferente. Corações estremeciam, respirações ofegavam, olhos se arregalavam,
uns achavam que se tratava de um poderoso falso mestre e um contundente
enganador, já outros, pensavam ser um homem enviado por Deus.
Fariseus, escribas, sacerdotes e o povo leigo
em geral ficavam atônitos e não conseguiam estar unânimes quanto aquele homem,
mas todos sabiam que se tratava de alguém extraordinário.
Assim é ainda nos dias de hoje, quando nos
deparamos com sua Palavra. Seu Espírito está derramado entre nós, através de
ministros, de pregadores, de profetas e pastores que foram ungidos para este
tempo e muitos de nós ficamos sem saber bem o que fazer com a palavra que
atravessou o nosso coração, em dado momento de nossas vidas.
O Escriba do versículo acima, logo se abriu
diante do Senhor, entregando-se completamente ao seu comando. Ele disse: “por
onde fores, te seguirei”. Ao contrário do que vemos Jesus fazendo em outras
oportunidades, quando simplesmente dizia: “vem e me segue”, neste caso, Ele
prefere advertir a pessoa, dizendo que “raposas têm covis, e as aves do céu têm
ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”.
Qual a diferença?
O fato de ser um escriba, alguém que fazia
parte de uma instituição sólida que proporcionava um status aos seus
participantes, que dava oportunidades de ascensão social, enfim, um grupo que
lhes legava uma série de benefícios através da exploração de sua religião.
Jesus tinha a obrigação de dizer àquela
pessoa que ao decidir segui-lo, veria muitos (de seu próprio grupo) virando as
costas para si, seria perseguido, abandonado, xingado, não teria mais o apoio
financeiro de sua denominação, não teria mais acesso aos irmãos de posses, pois
os mesmos, agora, seriam impedidos de apoiá-lo, por ser um rebelde, enfim,
estaria sozinho.
Acredite. Seguir a Jesus significa, em muitos
momentos de nossa jornada de discipulado, estar completamente desamparado e
sozinho. Quando fazemos parte de alguma instituição já estabelecida, que possui
um orçamento, rádios, canais de TV, templos espalhados por várias cidades do
país e até fora dele, as coisas ficam muito mais fáceis.
Quando se é um cantor e tem uma gravadora,
tudo fica mais fácil. Quando se é um missionário, um pastor, um pregador e tem
o suporte de uma denominação, suas possibilidades são enormes, agora, quando
você abandona isso tudo pra seguir a Jesus, então, você não terá mais um covil
para se aquecer junto com as outras raposas, nem um ninho onde pousar após seus
confortáveis vôos missionários programados com datas de ida e de volta.
Jesus advertiu o Escriba, dizendo você está
disposto a abandonar tudo isso pra me seguir?
É o mesmo que Ele diz pra todos nós que fomos
acostumados a cumprir os chamados com o suporte de denominações, com salários
em dia, auxilio gasolina, moradia e plano de saúde que para segui-lo.
Na verdade, temos que estar dispostos a abrir
mão disso tudo, pois esse é um risco verdadeiro.
O consolo fica no fato de que, não tendo um
lugar onde reclinar nossas cabeças, reclinamos no ombro do Mestre, chorando
nossas angústias, perseguições, faltas e fraquezas em sua presença.
Confiamos em Ti, Senhor, sempre!