Não estou em cima do muro!
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Quando há fogo cruzado, o pior lugar para se
estar é em cima do muro, onde nos tornamos alvos fáceis. Contudo, na atual conjuntura da cristandade, diante das
opções e linhas ora apresentadas, tem valido pra mim a máxima: "antes só do que mal acompanhado".
Não estou com ninguém, mas também não estou
em cima do muro!
Só não quero estar ao lado do pregador da TV,
que utiliza dos meios mais baixos da mídia de massa para manipular pessoas
segundo seus devaneios egocêntricos e suas bandeiras oportunistas. Nem quero
ficar com o que não tem nada a perder e que, tendo chegado no fundo do poço
familiar e ministerial, agora dispara sem a menor responsabilidade em todas as
direções, segundo bem entende. Também não vou ficar garimpando as alfarrobas da
desgraça alheia e as colocíntidas que envenenam o ensopado do povo. Tampouco, seguirei
a linha do cristão de extremo-direita que, no melhor estilo “God hate fags”
espalha pela rede suas manias de perseguição que mais se parecem com lendas
urbanas e teorias de conspiração do nível Iluminatti e as Treze Famílias.
Quero andar com Jesus, ouvir sua conversa
natural, normal, sem terno e gravata, sentado à mesa, olho no olho, sem
reservas, nem medos morais ou preconceitos travestidos de ética, sem discurso
inconsistente com a prática e, o pior de tudo, sem verdade, sem transparência e sem humildade, disparando aqueles terríveis sorrisos sem brilho.
Quero ter amigos, ao invés de ‘irmãos’, saber
seus nomes, comer e beber do bem deste mundo com eles, rir nas alegrias e
chorar nos dias tristes, no entanto, sem ter sido treinado para isto. Falar o
que penso sem me preocupar com o que vão pensar de mim, ser eu mesmo sem a
pretensão de ser bem aceito, consolar sem obrigação de ser em todo o tempo um
profeta preciso e ungido.
Quero viver como um filho de Deus, tranqüilo
e seguro, confiante e maduro ao invés de viver com medo, limitado acerca de
onde posso ou não posso ir, preocupado com o que vão dizer se me virem com
certas pessoas, em certos lugares, em determinadas ocasiões... tal qual um
escravo atado a um tronco, infeliz, como que sufocado por um comportamento forjado por doutrinas humanas extraídas de
interpretações particulares, convencionais e tradicionalistas.
Enfim, quero estar contente com Jesus e cumprir
minha missão neste mundo, andar por ele como gente normal anda, matar o leão de
cada dia, cuidar dos filhos, amar a esposa, produzir, compartilhar o Evangelho,
a Graça e mostrar pro mundo que o Ano Aceitável do Senhor é pra toda a
humanidade e não somente pro grupo que se sente especial.
Rafael Cardoso