Raquel


Quem não sentiu o vento forte que o rosto abria em velocidade,
o coração acelerado, o grito mudo nos lábios,
as pupilas dilatadas e o universo em expansão,
os limites estendidos, a euforia em profusão,
não sabe do que falo, não entende minha língua,
não viu o que eu vi, nem sentiu o que eu senti.

Quando um dia eu quis abandonar, me cobrou um alto preço,
me amarrou pelo pescoço, sufocando minha voz.
Me secou o oxigênio, congelou meu sangue,
rasgou meu peito, me desmascarou pro mundo,
revelando minhas mentiras, me fazendo ver quem era.

E a luz que achava ter, se mostrou em densas trevas.
Me agarrei a uma corda e esperei a salvação,
uma mão que se estendesse, um olhar que acalentasse...

Foi aí que eu vi você:
Que passou a ser minha luz, passou a ser meu som,
passou a ser minha voz, passou a ser meu dom,
minha morte e minha vida, meu caminho e minha saída,
o meu tudo e o meu nada, o meu dia e madrugada,
minha força e minha fraqueza, meus defeitos, minha beleza... meu princípio e meu fim!

Rafael Cardoso

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