A perspectiva!











Na rua estavam o carro velho sem rodas, o outro, também velho, mas todo tunado. Além deles, o tapume em ruínas, ocultava a visão da construção cheia de trabalhadores.
Foi então que ela passou, lentamente, brilhante e fez com que o céu parasse pra ela, atraindo todas as atenções pra si!
Ela vem todos os dias, mas nunca um é igual ao outro. Em cada aparição, uma nova sensação.  Despertando paixão, suspiros, transformações. Dizem que nas vezes que veste o seu traje mais deslumbrante, homens simples e pacatos se transformam em feras.
Esse é o seu poder, que além de despertar sentidos humanos, interfere no mundo que rodeia. A terra se reproduz, as águas se abalam, as plantas reagem e os animais também.
Ninguém fica alheio a sua chegada! Mas são os olhos mais atentos, os olhos dos poetas, cancioneiros e apaixonados que mais sofrem sob as forças mágicas de sua influência.
Há quem diga que ela é só mais uma, que é sempre a mesma, que não muda nunca, que os tempos passaram e ela está ali, do mesmo jeito. No entanto, o deslumbrar-se com sua visão não está limitado em como ela própria se apresenta, mas se torna variável pelo olhar de cada um!
Uns indagam: ela não é fantástica? Enquanto outros simplesmente não percebem!
Essa é a perspectiva de cada um, quando tem diante de si o tudo e o nada, o rico e o pobre, o espetacular e o trivial. Entende-se, então que a importância daquilo que está diante de cada um é relativa ao que está dentro de cada um.

Rafael Cardoso

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