Os cegos e seus buracos


"Pode porventura um cego guiar outro? Não cairão ambos no buraco?" Jesus de Nazaré


Quantas doutrinas temos aprendido nas últimas décadas deste cristianismo brasileiro?
Ensinamentos profundos, complexos, os quais dizem o que é certo e o que é errado; o que pode e o que não pode...
Portanto, são regras semelhantes as que o próprio Paulo de Tarso observou entre os cristãos de Colossos, quando disse:

"por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies?" E ele ainda sentencia acerca desse engano, dizendo: "Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne".

Isso merecia até um ponto final, mas quero falar mais sobre os buracos.
Cegos andando por aí, verborrágicos, anunciando doutrinas de santidade, que trocaram a verdadeira separação ao Senhor por sectarismo, seguem seus caminhos tortuosos, cambaleantes, perdidos, cheios de discurso sofismático, carregando outros tantos para o mesmo lugar comum: o buraco!
O buraco pode ser apenas um tropeço, significando uma perna quebrada, um tombo que dói, mas também pode ser - como é pra muitos -  o fim, a cova.

Existe o buraco da ignorância, que é o principal, pois a falta de conhecimento leva ao perecimento, diz na Bíblia. 
Há também o buraco da burrice, essa tendência 'equina' que muitos humanos insistem em desenvolver, permitindo que outros lhes deem viseiras para não ver o todo, aceitando ideias delimitadoras, além de chicotes no lombo.
Há o buraco do preconceito, que também parte da ignorância, mas ainda assim, julga, condena, destrói, odeia. 
O da discriminação não ignora, pois sabe, mas mesmo assim deixa-se levar por seus próprios ódios carnais, levando a destruição onde mais precisam de amor.
Este último buraco (discriminação) é fruto da falta de entendimento da verdadeira santidade, pois parte de uma auto estima fraudulenta, baseada na divisão de clero e laicato, santos e profanos, bons e maus... partindo sempre do princípio de ser o bom e do outro ser o mau, de estar certo, enquanto os outros estão errados. 
Por último, mesmo sabendo que existem tantos outros buracos existenciais, cito o da indiferença. A falta de amor ao próximo - principal mandamento e base da pregação e vida de Jesus - induz o cego religioso a esse buraco. 
Como pode haver tanta indiferença no coração daqueles que se dizem Filhos de Deus, se está escrito que "os que não amam nem conhecem a Deus, pois Deus é amor"?
Como pode?
Não pode, não é, não são filhos... são cegos, guiados por outros cegos e caíram no buraco!

Rafael Reparadore

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