Mostra a tua cara


É o ėlan vital do brasileiro
O som triste e vibrante do navio negreiro
O suor e o sangue que vieram do estrangeiro
Entre ratos e caranguejos, sons de cuícas e pandeiros
É o blues dos trópicos, o jazz latino
Os corpos marcados com açoite assassino
É o choro das filhas arrancadas das mães
Pelo estupro dos feitores e dos vis coronéis
São as mãos calejadas, os dedos sem anéis
Os pulsos cortados, as algemas, os metais
É Elza Soares a dizer com sua voz
Que o grito das almas escravas ainda faz ser ouvido entre um povo em seu coração
Não se compra um perdão,
nem se vende uma África.
E com mente aristocrática
se fez um Brasil
sobre um monte de corpos
É a moral por um fio!

Rafael Reparador

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