Peregrino


Estava perdido no lugar de onde nunca havia saído.
Arriscou e começou a andar sem rumo definido.
Tropeçou, caiu, doeu, mas não retrocedeu.
Manquejou e, sem parar, seguiu seu coração.
Abandonou os trilhos que outrora lhe impediam
De perseguir as setas que apontava ao seu destino.
Pulou cercas, muros e escalou os montes.
Desceu, subiu, amou...
Feriu, sangrou, chorou, sorriu.
De tanto procurar, bateu à porta e ela abriu.
Pediu, ganhou, mas nunca descobriu.
Viveu, apenas, se lançou
No mar da vida encontrou um novo modo de existir.
- Inerte nunca mais, bradou o Peregrino.
- Prefiro, em dúvida, sair do que apenas continuar sentindo
a vã certeza de um estar imóvel, um permanecer inerte.

Rafael Reparador

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