Prevaricadores

A Bíblia diz que toda autoridade na terra é constituída por Deus.

Sempre tive sérias dificuldades para entender isso. Poderia dizer até restrições!

Talvez por causa de minha característica naturalmente crítica e revolucionária diante dos governos humanos e de suas instituições, que acabam sempre contribuindo para a manutenção dos contrastes e injustiças sociais.

Como uma tradição ingrata, interpretamos posições de autoridade e governo como se fossem sinônimos de riqueza e honra e não como prestação de serviço social.

Esta má consciência dos valores humanos se torna ainda pior quando vemos pessoas de caráter usurpador ocupando algumas dessas posições na sociedade.

Sabemos que todo homem possui um valor absoluto que acaba determinando sua forma de ser e de viver e quando uma pessoa de má índole governa, o povo acaba sofrendo os danos.

Todavia, repito, está escrito que toda autoridade na terra é constituída por Deus, o que me leva a uma abordagem diferente, que é a da responsabilidade daquele que foi revestido de tal poder.

Todo servidor público do Brasil conhece bem a regra que versa sobre o crime de prevaricação. Prevaricar seria saber ou presenciar uma prática ilícita e fazer vista grossa diante dela.

Seja um deputado que sabe de um colega que pratica o caixa 2 ou embolsa parte do salário dos funcionários, ou ainda, um delegado que vê outro recebendo propinas de empresas que cometem algum crime, entre tantos outros exemplos que os brasileiros estão cansados de saber.

Não denunciar isto, ou seja, não cumprir dignamente com seu papel de autoridade e governante é prevaricar e isto é crime.

No país da impunidade, encaramos tudo isto como se não passasse de uma herança cultural, mas, diante desse quadro, é fundamental que a igreja cumpra com seu papel profético nestes dias, abrindo sua boca perante os líderes desta nação, declarando: foi Deus quem colocou vocês aí. Não será um tribunal terreno, nem uma corregedoria quem os julgará, mas o próprio Deus, que lhes outorgou a posição que têm ocupado diante dos homens.

Igreja! Tome de volta sua identidade profética pela renovação de seu entendimento e assuma seu caráter de voz de Deus perante reis, governantes e príncipes da terra. Não se curve, não se venda, não honre quem Deus não tem honrado, não aplauda nem dê tapa nas costas daqueles que estão usurpando de suas posições para favorecimento pessoal.

Neste ano de eleição, rogo mais uma vez para que não incorramos no mesmo erro deles, cometendo o pecado da prevaricação, manchando nossas vestes e nos tornando indignos e reprovados diante do Senhor.

Talvez esses reis não conheçam aquele que os estabeleceu como senhores desta geração, mas nós conhecemos e não teremos sobre nossas vidas a misericórdia do indulto se, tendo vomitado as más obras do passado, deliberadamente, voltarmos a elas como cães e não como filhos benditos.

rafa,

Na revolução

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