Até que ponto posso ir com minha loucura?


“Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós”.

II Coríntios 5:13

O mesmo Paulo que escreveu estas palavras acima, em sua primeira carta que enviou aos próprios Coríntios, afirmava ser louco por amor de Cristo.

É fato que no início da caminhada a gente é doido, a gente topa várias paradas, a gente tá apaixonado, a gente paga um preço, a gente sofre, dá a vida, passa por um monte de revezes, a gente vence a frustração e todas as más notícias que pintam pela frente.

Estamos patrolando tudo e todos pela força de nossas convicções!

O apóstolo chegou a exclamar, com um estranho orgulho, ser o lixo do mundo e o esterco do universo. Só um louco faz declarações tão fortes e convencidas, aliás, ele era uma espécie rara de cristão mesmo, um tipo de crente “jihadista”.

Talvez o tempo tenha passado e agora ele tenha uma visão um pouco mais comedida sobre alguns aspectos de sua loucura. Chego a observar, com este simples versículo que dá a referência para esta reflexão, que podemos ter uma visão legal sobre uma questão que há muito venho propondo dentro de mim mesmo: até que ponto posso ir com minha loucura?

Não há nada de mal em ser um louco por Cristo, ou como uma geração cristã globalizada aprendeu a proclamar, ser um Jesus Freak.

Na busca por observar as coisas sob uma ótica mais espiritualista, essa loucura pode ser - digo de forma otimista - o fruto de uma forte paixão pelo Evangelho.

O fato é que não permanecemos jovens para sempre, o tempo bate à nossa porta, as solicitudes da vida vão se tornando mais graves e urgentes e a gente fica meio que de saco cheio de tanta guerra nas relações e diálogos.

Note que ele escreveu que a gente enlouquece por causa de Deus. Todos os que entendem o tamanho do prêmio da eternidade comparado com os diminutos prazeres de uma vida neste quadrante terrenal, passam a enxergar a vida cvomo algo assim, tão... fútil!

Moda, dinheiro, música, tons, sabores, ambições e objetivos desta vida do já-pronto perdem todo o sentido com o descortinar da absoluta e profunda Verdade que está no conhecimento de Cristo.

O padrão do Evangelho pira a gente, isto é um fato, mas nossa completa imersão nessa vida é meio que impedida quando nos deparamos com os limites naturais nas relações da igreja.

É por essa razão que Paulo diz: “se conservamos o juízo, é para vós”.

Demorei muito pra entender o que significavam as palavras ditas em II Timóteo 1:7: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação”.

Aí está o mistério revelado! A moderação é uma virtude que desenvolvemos durante a caminhada em busca da maturidade espiritual.

Deus me enlouquece, mas eu conservo o juízo por causa dos meus irmãos. É

A suprema revelação me torna um completo maluco, um exótico, às vezes, anti-social, mas a moderação me traz de volta ao padrão dos irmãos, afinal de contas, tudo o que fazemos no ministério é pra eles, a Igreja.

O alto do monte da transfiguração me faz trafegar dimensões inexplicáveis e desejar ficar no céu, mas o amor de Cristo me constrange a descer e andar entre os irmãos novamente.

Até que ponto posso ir com minha loucura? Até o ponto em que ela não me torne tão distante e estranho aos meus irmãos, que venha a ser irrelevante e não compreendido. Pois aí, deixei de servir!

rafa,

sempre na revolução.

3 comentários:

jonasflausino disse...

Otima reflexao, me fez pensar tb nadit "revolucao" mas nao usada pra reformar a igreja , massim pra saciar um desejo interior da modernidade, se escondendo atraz da tal "revolucao". uso dread, sou tatuado, falo girias... por ae vai, pois faço parte de um Movimento Undergroud, cara q saco. vamos fazer as coisas pelos irmaos, pela sociedade, manter a moderacao por causa deles!

Rafael Reparador disse...

E que ninguém confunda moderação com covardia e nem julgue aos outros pela aparência.

jonasflausino disse...

exato, estamos moderados apenas pela segunda parte do verso

"se estamos em juizo é por voces"