“Inclinai
os ouvidos, e ouvi a minha voz; atendei bem e ouvi o meu discurso” (Isaías
28:23).
Em diversas oportunidades, o Senhor Jesus
advertiu seus espectadores, terminando suas pregações e ensinos, dizendo: “quem
tem ouvidos para ouvir, ouça”.
Afinal, quem é que não tem ouvidos para
ouvir?
Uma das respostas bíblicas a esta pergunta
está no Salmo 115: “Os ídolos deles
são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm,
mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm
mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua
garganta. A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que
neles confiam”. Salmos 115:4-8
Este Salmo fazia parte da liturgia do Grande
Halel (fragmento da palavra Hallelujah, que significa Louvado seja o Senhor) e
era cantado nas sinagogas, na celebração da Páscoa judaica.
De fato, havia determinadas “rezas” que
deveriam ser repetidas pelos judeus, afim de que fossem fixadas (inculcadas) na
mente de todos, para que princípios fundamentais de sua fé não fossem perdidos.
Isto é o que chamamos de tradição, ou seja, uma transmissão de valores que
deveriam ser cultivados para que as novas gerações não incorressem em erros
antigos.
Hoje, vivemos num tempo em que o mundo não dá
ouvido a nada que não lhe interesse. Qualquer assunto que não seja atraente é
simplesmente descartado, da mesma maneira que se deleta um spam da caixa de
e-mails.
Todos querem ouvir apenas o que lhes
satisfaz! Se uma mensagem, um livro, uma canção, uma história não vier de
encontro com as expectativas da audiência, então, pode estar certo de que será
lançada na lixeira de seu HD mental.
Este é o resultado de um mundo que prioriza o
belo, o visualmente agradável e não se preocupa com o conteúdo e os resultados
produzidos pelas coisas que consome. Desta forma, temos sido enganados pela
beleza exterior, da mesma maneira que Eva, vendo que “aquela árvore era boa
para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento”
(Gênesis 3:6).
Assim como Eva caiu na cilada, temos caído,
geração após geração, quando não damos a importância devida às profecias e
ensinamentos que recebemos do Mestre.
Voltando ao Salmo 115, podemos ver que o
mesmo trata da tão malfada idolatria. Adorar ídolos sempre foi proibido em
Israel e seus códigos e regras morais e religiosas tratavam do assunto de forma
contundente e bem clara.
Então, por que o povo continuava caindo em
tal transgressão?
A resposta está clara no próprio texto,
quando diz: “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens”.
Prata e ouro simbolizam riquezas e obra das
mãos simbolizam seu próprio trabalho. Ou seja, os ídolos sempre estiveram
relacionados com as riquezas, com o bem estar, com a angariação de bens de
consumo, de terras, propriedades. Todo aquele que alcança certa quantidade de
bens neste mundo é, essencialmente, orgulhoso de suas próprias conquistas
(salvo raras exceções).
O dinheiro é e sempre foi o maior ídolo da
história da humanidade.
Contudo, dinheiro não fala, não vê, não anda
e não ouve! Dinheiro não ama, não é pessoal, não cura, não acaricia e não pode
corresponder a anseios essenciais da alma, que estão relacionados à eternidade.
Dinheiro pode pagar as contas e trazer tranqüilidade, pode contratar um médico
e trazer um tratamento de saúde melhor, pode trazer conforto, prazeres, diversões,
gostos e sabores, mas tudo isso não passa de sensações momentâneas, finitas.
Dinheiro é como o aroma de um bom perfume, o qual sentimos num instante, mas
logo ele vai embora e nos esquecemos dele.
Ídolos são baseados em expectativas terrenas
e passageiras e, como tal, produzem valores terrenos e passageiros. Quando
damos “ouvidos” a esses ídolos, nos tornamos insensíveis ao profético e
perdemos a compreensão do eterno. Passamos a viver, sentir e ouvir somente
acerca da dimensão com a qual decidimos nos relacionar.
Adorar um ídolo significa aceitar seu modo de
vida, submeter seu comportamento e seus caminhos a ele. Assim é com Deus, Pai
de Jesus Cristo, a quem seguimos e adoramos. Ele próprio, o Filho, respondeu à
tentação de Satanás, quando convidado a adorá-lo no auge de sua glória, com
todos os reinos do mundo aos seus pés, dizendo: “Vai-te para trás de mim,
Satanás; porque está escrito: Adorarás o SENHOR teu Deus, e só a ele servirás”
(Lucas 4:8).
Adorar também significa servir! Se adoramos a
Deus, servimos a Deus e à sua Palavra, se adoramos as riquezas, servimos ao
dinheiro e seus apelos comerciais. Amar um significa odiar o outro, não se
iluda, pois não podemos servir a dois senhores.